27 dezembro 2006

COM A PERMISSÃO DO BINHO

Oi pai, oi Cris, amores.
Hoje, como quase todo santo dia, despertador toca levanto me visto. Subida, metrô, van, trem. Por todos estes caminhos devo passar por umas cinco ou seis mudanças bruscas de temperatura. Vejo milhares de faces que nunca vou me lembrar. Ouço nomes, conversas, bebo café, vomito poluição. O trem tem a temperatura mais baixa. Deve ser pra condicionar os trabalhadores, deixá-los calmos para que não pensem quão tudo aquilo é difícil. Como são maltratados. Como é fétido o rio.Tem lírios na margem. Uma pequena horta e peixes boiando, mortos. Eu, sentado, lendo meu livro da TAZ - Zonas autonômas temporárias -Um tratato sobre anarquias, estudos sobre piratarias e, enfim, utopias. Dou uma pausa em cada estação, preciso saber onde estou. Entra um garoto, camisa com estampa de bichinho - laranja, mochila, tênis bem amarrado. Foi a mãe quem ensinou, imagino. Tem cara de ser bem esperto. Na verdade penso que toda criança deva ser um pequeno gênio (da lâmpada), liberta prá toda a maravilha do mundo. Senta-se no banco ao lado e pacientemente tira da mochila um disc-man, os fios estão todos embaralhados. O processo de arrumação da tralha toda leva uns cinco minutos. Fio plugado, disc-man apoiado na perna frágil com os pés balançando prá frente e prá trás. A escolha entre os dois cd´s é difícil. Qual ele deveria ouvir. Me parecia calmo e creio ter ficado feliz com a escolha. Cd no disc-man. Play. Play. Play. Play. Algo errado e uma expressão de surpresa. Abre a tampinha do compartimento de pilha. Nada. Vazia. Abre a mochila e revira. Outra peça embaralhada com os fios é a caixinha de força. Puxa fio, bufa, tira fio, bufa, enrola, guarda. Não tem lugar para ligar a caixinha! Desespero e monotonia invadem sua face. Olha pro teto. Deus. Novamente se volta pra tampinha do compartimento de pilha, abre, mexe na molinha, tóim, na esperança da mágica acontecer e ele poder viajar com a música. Fecha. Play, play, play, play. Bufa. Teto. DEUS! Bufa. Tira os fones do ouvido, pacientemente guarda o disc-man. Elis Regina canta no rádio do trem. Estridente. Cotovelo no joelho, mão no queixo. Desolado olha pro lado de fora e deve pensar o por que o mundo é tão cruel. Beijos pros dois. Binho

26 dezembro 2006

UFA !! ATÉ QUE ENFIM !!


Finalmente ficou pronta a edição do curta-metragem "A VISITA". O resultado não causou decepções, ficou dentro do previsto. Evoluimos mais um pouco na arte de filmar. Agora vamos ver a reação daqueles(as) que o assistirão.

25 dezembro 2006

A BEIRA DE UM APAGÃO

Realmente não me lembro de ter passado um ano como esse de 2006. Neste final de dezembro estou a beira de um apagão mental, tamanho é o cansaço que sinto no cérebro. Neste lapso temporal que chamamos de ano, aconteceu de tudo, dívidas que pareciam impagáveis, problemas pessoais difíceis de resolver, problemas profissionais de quebrar qualquer esperança de melhora, enfim, estou a beira de um ataque de nervos (não são só as mulher de Almodóvar que ficam assim). Interessante que no balanço geral, tudo se resolveu. Fizemos 3 documentários e dois curtas-metragens, além é claro, das minhas obrigações profissionais que me toma 8 horas diárias de segunda a sexta-feira e ainda alguns dias à noite. As vezes nem acredito que dei conta de tudo isso. Agora FÉRIAS !!!! Volto com a bateria carregada, e tudo recomeça, eis a VIDA !!!

26 novembro 2006

MEMÓRIAS SOLTAS

Meu padrinho Arsênio Carniello chamou-me e pediu-me para ir ajudá-lo na colheita de arroz. Não posso, respondi, vou trabalhar na colheita de arroz no sítio do senhor Gumercindo. Tá bom, respondeu-me, dando de ombros, como se percebesse que algo daria errado. O dinheiro que o senhor Gumercindo me pagaria, seria utilizado para comprar entrada para a matinéé, onde iria passar mais um capítulo do Flash Gordon. No dia combinado lá fui eu para o sítio do senhor Giumercindo, às 5:30 da manhã, junto com dois vizinhos. O mais velho de nós três tinha 12 anos. Eu apenas 10. Chegamos lá no sítio e o senhor Gumercindo já estava esperando, com a esposa e a filha, que tinha a mesma idade minha. Foi um dia duro de trabalho, as costas doíam a noite. As mãos mal conseguim fechar. A pele doía devido ao sol. No outro dia a mesma coisa, muito trabalho, sol, dor. Acabamos no final do segundo dia. Passamos pelo sítio do senhor Gumercindo para receber. Ele sentou-se na escada da casa e não falava nada de pagamento. O menino mais velho resolveu cobrar. O senhor Gumercindo olhou calmamente para ele e pediu que voltássemos no sábado para receber. Mal podia esperar pelo sábado. Logo cedinho lá vomos nós. A filha do senhor Gumercindo foi chamá-lo lá no fundo do quintal. Chegou bem perto de nós e perguntou se tínhamos ido receber pelo trabalho. Todos os três em uníssono: sim !!!! E ele: O pagamento fica por conta das melâncias que vocês roubaram do meu cafezal. Foi um choque. Comecei chorar ali mesmo. As lágrimas desciam molhando o rosto. A filha dele que estava logo atrás começou chorar compulsivamente. Nada adiantou, ele a puxou pelo braço e perderam dentro do casarão. Nem fui para casa, passei direto e fui para a casa do meu padrinho Arsênio. Fiquei sentado todo sisudo numa cadeira no canto da sala. E ele: O que foi Rube ?? Contei toda a história. E ele todo durão: Bem feito ! A madrinha que a tudo ouvia, depois de um tempo levantou-se, foi até o quarto, abriu uma caixa de papelão, juntou algumas moedas, contou, trouxe até a sala e me entregou-as. Pode ir no cinema amanhã, disse determinada. O padrinho não disse uma palavra, ficou ali olhando de canto de olho e tirando umas baforadas do cigarro de palha.

17 novembro 2006

PEIXE GRANDE OU O QUE FAZEMOS DA VIDA ?


Pela terceira vez assisto ao filme "PEIXE GRANDE". Como é surpreendente. Converso com as pessoas que assistiram-no e elas sequer dão valor ao desfecho da história. Há um conflito que parece insuperável do filho com o pai, que vivia de contar histórias fantasiosas sobre seu passado. Do nascimento desse filho, o pai lhe contara inúmeras vezes que ao nascer, ele, o pai, havia pescado um peixe grande, sinal de muita sorte. O filho não suportava mais essa história. Quando o pai caiu doente num leito de hospital, sem possibilidade de cura, o filho foi visitá-lo. Estava em coma. Entra no quarto o médico do pai, que por coincidência também fez o parto do filho. Após curto diálogo o médico lhe pergunta se sabe como foi a história do nascimento dele. Ele repete enfastiado a história do pai sobre o peixe grande. O médico olha em sua cara e diz: Isso é mentira, fantasia, na realidade sua mãe chegou aqui no hospital sozinha, pois seu pai era viajante e estava fora da cidade. Você nasceu com saúde e sua mãe passou bem, depois foi para casa. Foi um choque que o nascimento de uma criança pudesse ser tão chato assim !!! Simples, a mulher chega grávida, o filho nasce bem e a mãe pega o bebê e vai para casa. Para o pai não, o nascimento como não houve festa pela sua ausência tinha que ter algo muito maior, ele naquele dia pescara o maior peixe do rio que havia nos arredores da cidade. Na vida daquele pai tudo era realidade e fantasia que se misturavam num tubilhão de alegria. Monotonia jamais !! Acho que fiz bem em adquirir o DVD para minha coleção.

26 outubro 2006

O DIRETOR


Não basta ser diretor, precisa PARECER com diretor, vocês não acham ??? Comentem aí, por favor.

24 outubro 2006

VIDA DE ATOR EM FILME DE POBRE


O Adail mostrou que vida de ator em filme de diretor pobre não é fácil. Ele sem titubear sentou sobre o túmulo, retirou um sanduiche de mortadela de uma sacola plástica e comeu ali para fazer a cena. Como ele estava com fome (já passava das 2 da tarde e todo mundo sem almoço), ele devorou de verdade o lanche ali mesmo. Grande Adail. (para se ter uma noção da história que filmamos visite nossa postagem do dia 23/08/2006)

AÇÃO, TRANSPIRAÇÃO E PACIÊNCIA


Fazer um curta metragem sem dinheiro e com pouca estrutura é um desafio. Se o projeto do filme tiver que começar às 6 da manhã e terminar às 5 da tarde, o desafio é muito maior. Perto das cinco horas da tarde, já quase sem a luz natural e sem contar com energia elétrica, todo mundo cansado, mal alimentado, o set de filmagem fica um horror. Apesar de tudo valeu, já deu para descansar um pouco, agora é só esperar a edição. Uuuuhhh, que medo ....

04 outubro 2006

HOMENAGEM A ITAMAR ASSUMPÇÃO


Final de semana em Sampa foi demais ! Primeiro fomos na feirinha de antiguidades no Largo Pinheiros de onde fotografei a Igreja do Calvário aí da foto. À noite fomos assistir a um show em homenagem ao saudoso e sempre presente (para mim) Itamar Assumpção no SESC Pompéia, organizado pelo Arrigo Barnabé. Estavam ali vários amigos de caminhada do Itamar, inclusive a filha dele que eu não conhecia. Uma graça de pessoa, tão simpática como o pai. Linda, cantora das boas. Se fizeram presente também a banda Isca de Polícia, Ná Ozzeti, Zélia Duncan, Naná Vasconcelos. Foi um dos melhores shows que assistí na minha vida, tudo solto, alegre, vibrante, coisa linda !! O Itamar merecia essa reverência.

24 setembro 2006

A EMOÇÃO CORRIA SOLTA


No meu lado, apertada no meio da multidão, uma velhinha, magra, pequena, rosto cheio de rugas, na mão direita uma bandeira. Ela apertava os olhinhos e entre gritos e acenos ela chorava de emoção ao ver o Lula. Olhava para mim e sorria como criança. Não há sociologia que explique essa empatia. (clique na imagem para ampliá-la)

O BÊBADO SEM O EQUILIBRISTA


O Candidato a Presidente LUIZ INACIO LULA DA SILVA despejava mais de 1.200 wats de palavras sobre a multidão que o ovacionava delirante. No meio da multidão, indiferente a tudo o bêbado cavou seu espaço amplo para sacudir sua bandeira e tomar mais uma cervejinha.

31 agosto 2006

NA TELONA É OUTRA COISA


Foi apresentado ontem dia 30/08/2006, no teatro do SESC-ARARAQUARA, nosso documentário sobre a cidade de Araraquara. Fizemos um trabalho com fotos antigas e atuais, sobrepondo-as, que deu uma visão de como era antes a cidade e como está agora. Para os dias atuais, fizemos com filmadora, colocando a imagem em movimento. Ótimo resultado. Muitas pessoas que estavam no teatro do SESC me cumprimentaram em nome do grupo. A única ressalva é que nosso documentário foi gravado junto com outros, perdendo a qualidade de imagem e som e também ficou confusa a apresentação dos créditos dos autores. Uma pena. Na foto ao lado estão eu e o Paulinho fazendo o trabalho de filmagem.

23 agosto 2006

É ASSIM QUE SERÁ

O barraco da periferia está protegido com uma cerca rústica de arame farpado. No quintal descansa uma corrocinha de mão onde ele coloca o lixo reciclável. Ele acorda incomodado com os raios de sol que penetra pela fresta da janela do seu quarto. Senta-se na cama, vestindo camiseta com o nome de um político e uma calça velha e rasgada em alguns pontos. Levanta-se calmamente, vai até um tanque de cimento que está ao lado da casa. Abre a torneira ali existente e lava o rosto. Espalha espuma de sabonete pela barba de semana fazendo espuma. Apanha o aparelho de barbear descartável que estava numa fresta da parede e começa barbear-se. Passa água no rosto já barbeado. No fogão esquenta uma marmita de comida amanhecida. Depois de preparada a comida, coloca-a numa bolsa. Vai até ao lado da casa e apanha algumas flores que cultiva com cuidado. Faz um pequeno buquê amarrando-o com fita de pano. Guarda na bolsa com a marmita uma bíblia velha. Vai até o quarto e troca de roupa. Veste um terno cinza, coloca gravata escura, sapatos pretos limpos. Apanha a bolsa com a comida e a bíblia na mão esquerda e na mão direita o buquê de flores. Caminha até o ponto de ônibus. Desce ao lado de um cemitério. Pára diante de um túmulo. Recolhe algumas flores murchas e as substitui pelas novas. Abre a bolsa e apanha a bíblia e, em pé, faz suas orações. Fecha a bíblia e senta-se ao lado do túmulo. Ao meio-dia, almoça ali sentado. Já tardezinha fica de pé em frente ao túmulo e despede-se. Chega em casa ao cair da tarde, quase noite. Vai até a carrocinha, apanha uma corda e entra em casa. No quarto, pega uma cadeira e amarra a corda num caibro do telhado. Faz cuidadosamente um laço de forca. Com as mãos estica a corda para certificar-se de que está firme. Sobe na cadeira. Quando está pondo o laço no pescoço houve alguém batendo palmas no portão. A sequência desta história estará no meu próximo curta-metragem que será filmado agora no início de setembro.

06 agosto 2006

ESTOU COM RAIVA DOS ISRAELENSES

Alguém me mandou um e-mail com fotos de crianças dilaceradas pelas bombas dos judeus. Fiquei muito indignado com aquelas atrocidades. Mandei e-mail para algumas comunidades israelitas do Brasil mostrando toda minha raiva. Nada adiantou, eles ficam respondendo como se fossem santinhos. Cambada de safados !!!! Que venham me falar de holocausto. Queimei três DVD's e uma fita em VHS que tratavam de assuntos relacionados a judeus. A partir de agora não compro mais produtos de judeus (atenção a MAIORIA dos bancos do mundo inteiro pertencem a eles). Mudei o banco para a CEF. Filmes de judeus nunca mais. Não compactuo com Hysbollath (?), com nazistas, mas também odeio o que este povo está fazendo com crianças libanesas. ACABOU !!!!!!!!!!

23 julho 2006

O ESPAÇO E A ORIGEM DA VIDA

Há muitos anos tomei gosto por literatura que versasse sobre o espaço, origem da vida, religião, coisas assim. Adoro ver as fotos do espaço das galáxias e das nebulosas feitas pelo Hubble. Voltando esta sexta-feira de São Paulo, leio num livro que comprei numa banca o seguinte: "Num espaço infinito, inúmeras esferas luminosas em torno das quais rodam dezenas de outras menores, quentes no centro e cobertas com uma casca dura e fria onde uma névoa bolorenta originou a vida e os seres conhecidos. Esta é a realidade, o mundo." Irvin D. Yalom - A cura de Shopenhauer - Ediouro, pg. 63. O pensar e refletir humano é a coisa mais linda que poderia existir. Li este trecho, fechei o livro e fiquei apreciando a paisagem, com o corpo leve e feliz, mesmo sabendo que sou filho de bolor milenar.

13 julho 2006

O SORRISO DO MANO

Um rapaz entra no metrô apressado como todos os paulistanos. Senta-se no primeiro banco vago que encontra. Ele está vestindo uma jaquetão de mano, calça larga, toquinha rústica na cabeça. O rosto chupado, olhos vermelhos, desdentado. Todos sentem medo só de cruzar com o olhar dele. Num gesto rápido ele despe o jaquetão e aparece por baixo uma camiseta vermelha com a palavra "PAZ" gravada no peito. Deposita calmamente a jaqueta sobre os joelhos, encara a lourinha e sorri.

11 julho 2006

OS ANJOS DOS LOUCOS

Ninguém sabe o nome dele; fica vagando pelo bairro catando toquinhos de cigarros nas ruas. Não perturba ninguém e também não é perturbado. Vive o seu mundo. Conheço-o há muitos anos, sequer sei se ele fala. Nestes dias percebí que ele perdeu alguns dentes da frente. Estava sentado na calçada, como sempre com um pacote de papéis amassados sob o braço esquerdo. Segurava na mão direita um pão murcho que vez ou outra levava à boca. Começou cair uma chuva fina e fria sobre ele. Não se abalou, ficou ali mastigando o pão amanhecido. De repente olhou para o céu nublado e começou sorrir. Estava achando graça das brincadeiras dos anjos que só os loucos vêem.

05 julho 2006

FEITICEIRA

O comentário era forte. Dona Maria Perna de Pau era uma bruxa daquelas que só o olhar dela já botava medo. Os meninos da redondeza morriam de medo quando ouviam falar dela. Se ela se aborrecesse com alguém, tava ferrado. Por curiosidade eu passava todos os dias após o expediente de trabalho em frente a casa dela. Uma casinha humilde, no fundo de um quintal. Depois de muito tempo comecei a desconfiar de que aquela história era falsa porque eu passava ali há vários meses e nunca me deparei com a tal bruxa. Parecia lenda, coisas de crianças. Verdade seja dita, eu fazia um verdadeiro desafio à minha coragem porque sempre que entrava naquele quarteirão, tremia de medo em dar de encontro com tão sinistra pessoa. Certo dia, vireio o quarteirão despreocupado, nem pensava mais na bruxa. Ao aproximar da frente da casa da Dona Maria, eis que ela surge no portão. Começou caminhar na minha direção. Do joelho para baixo da perna direita era de pau e o pé ficava voltado para dentro. Ela mancava acintosamente para o lado direito. Na mão direita ela carregava uma vara que servia de bengala. Meu corpo ficou todo gelado, pensei em voltar. Diminuí os passos e fui em frente. Ao aproximar-me dela, notei seu rosto amarelado, aspecto doentio. Ela olhou para mim, deu um sorriso lindo, alegre, mostrando a falta de alguns dentes na frente e me desejou um "boa tarde meu filho". Fiquei tão aliviado que respondi alto o cumprimento dela. Parei na calçada e fiquei olhando-a, até que ela virou a esquina, para nunca mais vê-la. A Dona Maria Perna de Pau voltou a ser lenda.

25 junho 2006

FLOR DE MARACUJÁ


Na caminhada matinal de domingo, sobre um muro encontro uma flor de maracujá diferente e linda !! Nada como caminhar e ver no entorno o que tem de belo.

ATÉ ONDE PODE CHEGAR O HOMEM ?

Havia feito uma proposta a mim mesmo de que não me envolveria em assuntos da política, entretanto, nesses dias volto a ver na televisão uma cena que realmente me deixa perplexo. Foi na convenção do PSDB. No final um indivíduo (indivíduo é até elogio) coloca sua cabeça entre as pernas do candidato Geraldo Alkmim e o suspende sobre seus ombros. É estrarrecedor tamanho servilhismo humilhante. Se fosse meu pai nunca mais olharia em sua cara. Se fosse meu filho o desardaria. Carregar um político nas costas !!! Homem sem moral, sem amor próprio, servil, ralé, etc, etc. Fiquei indignado com aquele idiota que sequer conheço e jamais queria conhecê-lo. PS: Mereçe meu desprezo qualquer pessoa que carregue um político nas costas, seja o político de que partido for.

13 junho 2006

ONTEM E HOJE




São interessantes as mudanças que ocorrem nas cidades. São tão sutis que sequer as percebemos. Vejam esses três exemplos de como era ontem e hoje a esquina da Av. São Paulo com Rua São Bento na cidade de Araraquara.

30 maio 2006

A SOLIDÃO DOÍDA



Neste sábado, dia 27 de maio de 2006, fui escalado para participar de uma reunião do Orçamento Participativo no Assentamento dos Trabalhadores Rurais chamado Monte Alegre. Embora já tenha ido lá algumas vezes, ainda consigo me perder pelo meio do mato ou do canavial. Neste dia não foi diferente, enfie-me por caminhos poeirentos que mais pareciam um labirinto. Chagando na escola onde haveria a reunião, após um refrescante copo d'água, a única coisa que pensei foi tirar uma foto. A caixa d'Água pareceu-me ideal, principalmente à contra-luz. O resultado é esse aí do lado. Na volta, com o sol se pondo no horizonte, fotografei uma árvore solitária no meio do canavial. A tarde estava seca, o ar parado, os pássaros se recolhendo, uma solidão de doer.

25 maio 2006

A OCASIÃO FAZ O LADRÃO ???

Já passavam das 23:30 horas. Última volta do ônibus coletivo no bairro. Num lugar ermo, um rapaz dá sinal ao motorista para parar. Está acompanhado de uma mulher com uma criança no colo. Ele sobe primeiro no ônibus. A mulher o segue. Ambos aparentando mais ou menos 25 anos de idade. Cabelos em desalinho, mal vestidos, rostos de gente sofrida. A criança no colo resmunga, dando a impressão de ser fome. Ela senta-se num banco do fundo do ônibus. Ele ao lado do cobrador. Na medida que o ônibus vai a caminho do bairro, as poucas pessoas a bordo vão descendo, até ficar apenas o cobrador, o motorista e o casal. O rapaz parecia nervoso. Olhava constantemente para a mulher. A criança no colo começa a chorar. Quando o ônibus passou num lugar escuro, o rapaz levantou-se, sacou uma faca velha da cintura e anunciou o assalto. O cobrador, apavorado, correu para junto do motorista, que ordenou que ele entregasse o dinheiro ao ladrão. O ladrão apanhou o dinheiro e alguns passes, desceu rápido do ônibus, saltou um muro e se perdeu no mato. Como de praxe, o motorista acionou a polícia via rádio. Como a polícia estava pelas imediações, em poucos minutos chegava no local fazendo barulho. Apontada a rota de fuga, lá foram eles. Saltaram o muro a tempo de encontrar um rapaz suspeito. Ele negava a autoria do roubo. Bateram revista e não acharam nada em posse do rapaz. Procuraram nas proximidades do rapaz e encontraram um saco plástico com pouco mais de cinquenta reais, alguns passes e uma faca. Pronto, instalou-se ali no meio do mato um tribunal, onde os policiais seriam as testemunhas, advogados e juízes. A sentença veio rápida. O meliante (como eles gostam de chamar) deveria ser educado a não mais assaltar ônibus. O castigo seria uma surra no mesmo local do flagrante. O primeiro chute foi no estômago, o segundo no rosto, o terceiro nas costas, e outro, mais outros. Fizeram-no saltar o muro de volta. Passou algemado ao lado do ônibus. Tentou encarar a mulher e o menino mais uma vez. Seus olhos inchados de tanto apanhar talvez tenha impedido a visão. Foi jogado dentro do camburão. A criança no colo da mãe chora alto a espera da comida que não virá tão cedo.

11 maio 2006

ATÉ BREVE VALDIZAR


Este é o Valdizar. Só quem o conheceu sabe o valor humano dele. Começou ainda jovem na política, início da década de 60. Estava na antiga União Soviética quando houve o golpe militar no Brasil. Teve que voltar escondido pela França e Argentina. Ele tinha 19 anos. Foi caçado pela polícia política e preso. Passou por torturas nos porões do presídio Tiradentes, Rio de Janeiro. Viu vários amigos e amigas serem mortas ali dentro. Hoje tem dificuldade na audição de tanto que apanhou nos ouvidos, uma tortura intitulada de "telefone". Ele e sua esposa ficaram presos mais de 2 anos. Ambos intelectuais, inteligentíssimos, humildes de causar até constrangimento nas pessoas. Estão se mudando de Araraquara. Fui na despedida deles, nos abraçamos e choramos. Valdizar é o tipo de amigo que eu tenho orgulho de dizer que o conheço, e que vou continuar encontrando aonde forem.

03 maio 2006

FINAL DE SEMANA PROLONGADO COM FILME ALONGADO

Neste final de semana prolongado, assistí a 3 filmes muito bons:

EXPRESSIONISMO ALEMÃO
Filme com 100 minutos e sem nenhuma palavra, só imagem, feito em 1922, com o título "O último sorriso"(?). Impressionante como já se fazia coisa boa nessa época !!

RIFIFI
Um clássico policial. Excelente fotografia, história e atuação dos artistas. Uma verdadeira lição de como fazer cinema. Do diretor russo/judeu americanizado DASSIN

O LEOPARDO
Foram mais de 3 horas de exibição !!! Luchino Visconti nunca decepciona, mas o filme é extremamente longo e ainda vem com um DVD de extra com 2 horas !!!! Não me lembro de ter visto em outro filme uma Claudia Cardinale com uma carinha de safadinha como nesse filme. Ela aparece em várias cenas mordendo o lábio inferior com um olhar de ninfeta safada. Acho que só Visconti conseguiu isso da italianinha. Confiram e vejam se não tenho razão, fiquei com vontade de mordê-la. No DVD de extras Cláudia Cardinali dá uma entrevista e mostra que ainda é elegante e bela, apesar da idade.

27 abril 2006

ESCRITOS E CÓPIA

RAPAZ PERIFÉRICO

Um rapaz de mais ou menos 28 anos, pele queimada pelo sol, vestindo bermudão azul que ia até a altura dos joelhos, camisa cinza manchada de sangue seco, tênis velhos aos pés, rosto desfigurado do lado esquerdo. A cabeça estava completamente raspada. O lado ferido do rosto estava roxo e muito inchado. Seu olho esquerdo mal abria. Ficava caminhando nervoso de um lado a outro diante da porta do hospital. As vezes parava e ficava olhando longe, como se esperasse alguém que nunca vinha. Não há amigos, não há parentes que o ampare naquela hora de agonia. Sem dinheiro para o ônibus ou táxi, que o levaria para periferia da cidade, teria que fazer o percurso a pé, porque para a periferia da vida ele veio sem pagar nada.


RETRATO DA FOME NA PORTA DA PADARIA

Um homem magro, alto, sem os dentes da frente, muito sujo, barbudo, cheirando a urina, estava estacionado em frente a uma padaria. Não pedia ou abordava os clientes que entravam ou saíam do estabelecimento. Ao sair pergunto se ele queria um pão. Respondeu alegre que sim. Volto e peço para a balconista dois pães. Ela percebeu que era para o homem e me pergunta para confirmar. Digo que sim. O senhor não precisa comprar que nós daremos pães para ele depois, disse-me. Tudo bem, respondo. Passo pelo homem e informo-lhe que a moça vai providenciar os pães para ele. Ele responde baixo “muito obrigado” com cara de desconfiado de quem vai dormir mais uma noite com fome. Sai dali com a sensação terrível de que não devia confiar na balconista.

A VIDA

“A vida são deveres, que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas !
Quando se vê, já é sexta-feira ...
Quando se vê, já terminou o ano ...
Quando se vê, passaram-se 50 anos !
Agora já é tarde demais
para ser reprovado ...
Se me fosse dado, um dia,
outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando, pelo caminho,
a casca dourada
e inútil das horas ...
Dessa forma, eu digo:
não deixe de fazer algo que gosta
devido à falta de tempo.
A única falta que terá,
será desse tempo que
infelizmente não voltará mais.

“(Mário Quintana (nossa !!! aonde coloquei o nome do livro ???)”

20 abril 2006

ASSISTI E GOSTEI

Fui ontem (19/04/06) assistir ao filme O PLANO PERFEITO, com direção do Spike Lee. A história desse filme foge totalmente do estilo do Spike Lee, mas é um belo filme policial de ação, sem aquelas cenas montadas em computador com explosões e efeitos especiais. Um roteiro muito bem feito, inteligente e rápido, coisa rara no cinema de hoje. Spike Lee é o único diretor que consegue transformar o Denzel Washington e Jodie Foster em ator e atriz. Raras vezes saio satisfeito do cinema onde passam filmes comerciais. Desta vez vi e gostei. Recomendo, pois, àqueles que me visitam.

19 abril 2006

FLASHES DE UMA HISTÓRIA


Na foto a Maria Helena, o José e a Camilinha, ou sejam minha cunhada, meu irmão e minha sobrinha. Eu e o José dormíamos num cômodo rústico construído pelo meu pai no fundo da casa. Era coberto com telhas de amianto, não tinha porta e apenas uma janela de tábuas rústicas. No inverno, como José saía para trabalhar às 4:30 da madrugada, sempre pedia a ele para jogar sobre meu corpo a sua coberta. Só assim conseguia dormir um pouco nessa época do ano. Minha coberta era tão fina e ruim que mal aquecia o corpo, só dormia devido ao cansaço. Certo dia José saiu para trabalhar apressado e esqueceu-se de me cobrir. Acordei logo após sua saída. Fiquei bravo, apanhei a coberta e me cobri. Às 7 da manhã, indo para o trabalho ouço, no rádio, a notícia de que o caminhão que transportava trabalhadores para a Usina onde meu irmão José trabalhava, sofrera um acidente e que havia vários mortos, alguns mutilados. Meu corpo tremeu, deu angústia, pensei no pior. O caminhão que batera era justamente aquele que meu irmão sempre embarcava. Deu desespero, busquei notícias. Mais tarde consegui descobrir que ele nada sofrera, porque mesmo na correria do quarto ele havia perdido o horário e o caminhão havia partido. Chorei de alegria e mais tarde de dor. O pai de uma amiga estava no caminhão e morrera de forma trágica. Teve a cabeça decepada. O José continua aí, como sempre foi, uma pessoa muito humilde, extremamente simples e amável. Amo demais esse "mano véio" e sua prole.

16 abril 2006

A PÁSCOA DO PAULO




Neste domingo de Páscoa, passando pelo centro da cidade de Araraquara vi o rapaz aí do lado sentado. Olhava longe e para lugar nenhum. Estacionei o carro, peguei a máquina e fui pela calçada onde ele estava sentado. A estratégia foi esperar que ele desse o início a uma conversa. Caminhei bem devagar, olhando para ele. Ele sorriu e me pede para pagar um café. Foi a deixa que eu precisava. Propus um acordo: Pagava o café e ele me permitia fotografá-lo. Ele aceitou e aí está o resultado ao custo de um café. Paulo dissem-me que veio de Goiás e que quer voltar para aquele Estado, mas está sem dinheiro. Vive pelas ruas vendendo artesanato, onde raramente há interessados apesar do baixo custo.

14 abril 2006

10 abril 2006

TRÊS IMAGENS EM SÃO PAULO

NO CINEMA
Entro no Espaço Unibanco de Cinema. Vou até a vitrine da livraria. Um homem que estava lá olhando os livros expostos, vira-se e vem ao meu encontro rapidamente. Assusto, pois não o conhecia. Ele põe a mão direita no meu peito e diz: "Depois que acabou a União Soviética", tudo que se faz na Russia é bom, como esse negócio aí do astronauta brasileiro. Antes não prestava nada. E eu, sem saber o que falar: "é, é......". E ele. "E a Alemanhã então, antes não prestava, depois que caiu o muro, tudo ficou muito bom. E eu: "é, é ....". Não falou mais nada, só me encarava com olhos azuis e um cheito forte de cabelo sujo. Afastou-se e foi para a bilheteria. Entro na sala para assistir "CRIANÇAS INVISÍVEIS". Fim do filme, estou saindo, alguém dá um forte tapa nas minhas costas e pergunta "gostou do filme ?". Olho assustado e, para minha surpresa, é o fididinho outra vez. Dei um sorriso amarelho e fui embora.

NO TERMINAL RODOVIÁRIO DO TIETÊ
Na fila de embarque havia uma freira trajada higiênicamente de branco. Os sapatos destoavam, pois eram pretos, modelo rústico, quase masculino, eu diria. O hábito descia até o meio da canela, possibilitando ver as meias de algodão brancas. Ela segurava um livro grosso aberto em frente ao rosto, que lia com a ajuda de óculos. Estava compenetrada. Nada de anormal se não fosse uma freira japonesa.

NA RODOVIA DOS BANDEIRANTES
O ônibus ultrapassa uma perua kombi, lotada de freiras. Todas de branco, com óculos. Curiosas elas olham para o ônibus. Olhares calmos, exceção da gordinha que dirigia, que estava tensa com a presença do ônibus a menos de um metro da perua. O céu pode ser bom, mas morrer nem freira quer.

04 abril 2006

TEMPOS IDOS


Rubens Miranda, aos 19 anos, metido em seu uniforme escolar obrigatório. O dinheiro do trabalho sofrido (vide texto do dia 03/03/06) só deu para a matrícula e o uniforme. O sapato era emprestado do irmão mais velho. Ele calçava 40 e eu 38. No meu pé parecia aquele sapato do Carlitos. O pé esquerdo atrás da planta era para esconder pelos menos um pé. Enfim tudo já passou, a vida agora é outra, mas continua difícil. Venceremos, afinal.

03 abril 2006

VICENTE, UM PERNAMBUCANO


Com dezenove anos eu estava tentando voltar a estudar e completar a oitava série. A diretora do ginásio resolveu que os interessados deveriam pagar vinte e cinco cruzeiros da matrícula, mesmo se tratando de uma escola estadual. Eu estava desempregado e emprego naquela época era muito mais difícil. O único local de trabalho que encontrei foi numa fábrica de óleo de algodão. O serviço era pesado e executado sob o sol. Minha função era descarregar gôndolas de trem cheias de sementes de algodão. Meus companheiros de serviço eram todos nordestinos, na sua maioria, pernambucanos. Eles tinham pena da minha fragilidade e inexperiência com a pá. Insistiam para que eu não acompanhasse o ritmo deles. Quando tiravamos o encerado que cobria a gôndola com sementes, estas estavam tão quentes que queimavam as solas de nossos pés. A única folga que um de nós tinhamos era quando ficavamos encarregados de acompanhar a descarga das sementes que eram levadas para um barracão. O escolhido ficava na sombra, lá em cima, num corredor, acertando a boca de descarga. As sementes despencavam de uma altura de oito metros. Nos primeiros dias de trabalho eu não conseguia dormir a noite. As bolhas que formavam nas minhas mãos estouravam e ficavam latejando a noite toda. A garganta ardia, seca. Escarrava crostas de poeira e fiapos de algodão. Os pernambucanos riram muito quando lhes perguntei a respeito da garganta, da poeira e dos fiapos de algodão, afinal eles tinham um remédio muito simples, bastava passar à tarde no bar e tomar duas ou três pingas. Virou rotina. Todos os dias com os pernambucanos tomavamos duas ou três pingas. Depois riamos muito das coisas da vida. Penalizados com minha fragilidade, sempre dexavam que eu fosse tomar conta da descarga no barracão duas vezes por semana. Certo dia era a vez do Vicente, um pernambucano diferente. Era branco com sardas. Seus cabelos eram avermelhados e encaracolados. De pernambucano só tinha o sotaque. Seus dentes da frente estavam estragados e negros da nicotina dos cigarros. Num determinado dia, logo pela manhã Vicente subiu a escada e desapareceu dentro do barracão. À tarde fomos ao bar. O Vicente, que nem sempre vinha ao bar, naquele dia sequer saiu conosco. No outro dia pela manhã, o Vicente não veio trabalhar. No final do expediente a esposa do Vicente compareceu até o portão da fábrica procurando por ele. Ninguém soube dar informações. Logo pela manhã fui designado para vigiar a descarga de sementes. Subi a longa escada e fiquei lá em cima desviando a boca de descarga o dia inteiro. Para manter a rotina, à tarde fomos para o bar. Não vimos o Vicente. No outro dia, alguém subiu a escada do barracão. Lá em cima havia um cheiro forte de carne estragada. O colega avisou o chefe. Pararam as máquinas e fomos encarregados de limpar as sementes para ver o que estava acontecendo. O cheiro estava horrível. Depois de mais de uma hora, alguém gritou que era um homem morto. De onde eu estava, tremi e pensei no pior: era o Vicente. Antes mesmo que alguém confirmasse eu já estava fora do barracão, vomitando. Quando confirmaram que era o Vicente comecei a chorar convulsivamente. Quando consegui acalmar-me um pouco, fui até o Depto de Pessoal e pedi a conta para nunca mais voltar naquele local. Depois de muitos anos só passei por ali nesse último domingo (02/04/06) e fotografei o que restou daquele barracão maldito.

31 março 2006

IGREJA E NADA


A igrejinha no meio do nada. Leonardo Boff dizia que a igreja sem ninguém dentro não passa de uma construção de tijolos e madeira, não tem nada de sagrado. O sagrado para o teólogo é o ser humano, portanto, aonde ele está santifica o local. A igreja da foto, então, só é sagrada em raríssimas ocasiões do ano.

A SOLIDÃO E OS FIOS DE TELEFONE


O imenso vazio da solidão está cortado pelos fios de telefones, que levam a presença de alguém, para o bem ou para o mal.

30 março 2006

O UNIVERSO APAIXONANTE E ASSUSTADOR

Aproveitando a oportunidade da viagem histórica do astronauta brasileiro Marcos Pontes, estou postando hoje o endereço de uma foto feita pelo telescópio espacial Hubble da Nebulosa de Orion, distante 1.500 anos-luz da Terra. Se você não souber calcular a distância em anos-luz, eu te explico, pois é fácil. A luz viaja a 300.000 quilômetros por segundo, então multiplica-se 300.000 quilômetros por 60 segundos que encontramos a quilometragem por hora. Multiplica-se o resultado da quilometragem/hora por 24, achamos a quilometragem percorrida pela luz num dia. O resultado multiplica-se por 365 dias do ano, que você achará o quanto percorreu a luz por ano. O resto é fácil. Multiplica-se o resultado do ano por 1.500, eis aí a distância da Nebulosa de Orion da Terra. Os cientistas estão eufóricos com a foto. Nela há uma enorme turbulência de estrelas e gases, ou como está escrito no sítio da Nasa, a foto mostra uma situação dramática. Clique aí e veja. http://hubble.esa.int/science-e/www/object/index.cfm?fobjectid=38599

29 março 2006

DOMINGO NO TELEFONE - 8:00 HORAS


alô ? Nádia, sou eu ...
8 horas, por que ? te acordei ?
Oh, me desculpe, eu sei que é domingo ... É que eu queria ......
Eu sei Nádia, estou te ligando justamente por isso...
Não Nádia, não sei o que aconteceu comigo ...
Nádia, por favor, quero te pedir desculpa, preciso do seu perdão ...
Não, não, pelo amor de Deus, não desligue ...
Não vai acontecer mais, te prometo.... Estou sofrendo .... preciso te ver ....
Não diga isso .... Aquele foi um dia infeliz .... Eu devia tomar cuidado com minhas atitudes, reconheço.
Puxa Nádia, estou me humilhando ..... Sei, sei.... Mas estou reconhecendo que sou o culpado. Estou pedindo perdão.
Nádia, não faça isso comigo. Eu não sabia que você me fazia tanta falta, estou sofrendo Nádia. E muito.
Tá bom, então volte para a cama. Depois do almoço te ligo.
Só mais uma coisa Nádia, do fundo do meu coração EU TE AMO......de verdade.

O rapaz disse essas últimas palavras, colocou o telefone no gancho, abaixou a cabeça e ficou ali, imóvel, demonstrando uma sensação visível de esperança que depois do almoço tudo ia dar certo.

27 março 2006

UM PASSEIO E TANTO




Domingo dia 26/03/06, levanto às 8:00 horas. Higiene, café, shorts. Pego a bicicleta e parto sem destino com a máquina fotográfica a tira-colo. Fotografo tudo que me agrada. Veja o menino, foi uma foto "roubada". Ele não sabe que foi fotografado. Fiquei pensando, como será que ele se chama ? Onde mora ? Está fazendo um favor a alguém ? Deixo o menino e me embrenho no mato, onde encontro estas florzinha vermelhas em meio a um ninho de escorpiões, que ficam todos nervosos com a minha presença. Levantam o ferrão e ficam caminhando em circulos. Espanto-os um uma vara e fotografo as flores. Na terceira foto é uma cena inédita da periferia de Araraquara onde treme ao vento a bandeira brasileira.

21 março 2006

FAZER FILME




Morar no interior só é bom se a pessoa quiser respirar um ar medianamente puro, fora isso não tem mais nada. Não há boas faculdades, o comércio é ruim e caro, não há bons lugares para um happy hour, a violência já se instalou por aqui, enfim, um desastre. Morar no interior e tentar fazer filme então é uma missão QUASE impossível. Começa assim a experîência dos aventureiros. Leia muito sobre o tema; assista a muitos filmes; saia a caça de atores e atrizes que queiram trabalhar de graça. E o mais difícil. Comprar uma máquina filmadora de boa qualidade. Com tudo isso em mãos, deve-se preparar um roteiro e começar a treinar. Isso chama-se aprender na prática. Foi assim com um pequeno grupo de Araraquara. Teimosamente fizemos alguns curtas: Nada a Fazer - Existência - Antonio Brasileiro - O Jantar Iluminado - Diguinho e, finalmente, A Santíssima Tetrindade, cujas fotos do ensaio são estas aí do lado.

17 março 2006

SUA CABEÇA É O LABORATÓRIO

Façamos o seguinte, revele este filme na sua mente:
"Embaixo da ponte morava um andarilho; um andarilho morava embaixo da ponte. Pela rodovia veio o funcionário do departamento de estrada todo vestido de amarelo, intimando o andarilho para sair de debaixo da ponte. O andarilho precisava sair de debaixo da ponte. Onde já se viu morar embaixo de uma ponte ! O andarilho se recusou sair do seu lar, doce lar. Veio a polícia e o andarilho ficou com muito medo. Medo da polícia teve o andarilho. Juntou os trapos dentro de um saco plástico com propaganda de um supermercado. Saltou a mureta até o chão, ouvindo palavrões do policial. Caminhou chorando para o lado que caiu no chão. Andarilho não tem destino, vai para o lado que está virado. Para os lados que estão virados caminham todos os andarilhos."

16 março 2006

ALGUÉM EXPLICA ?


A vida tem momentos interessantes. Tinha uma idéia fixa em adquirir uma máquina fotográfica para fotos digitais. Não queria qualquer máquina, e sim uma semi-profissional ou profissional. Na primeira oportunidade, lá estava eu realizando mais um sonho. Nem acreditava quando o vendedor entregou-me o pacote com uma Canon Rebel dentro. Essa máquina ia além dos meus desejos. Chego no hotel apressado, coração pulsando rápido e forte. Dispo a camisa. Abro a caixa que exala um cheiro de coisa nova. Lá estava ela, prateada com uma lente de 18-75 mm. Eu estava sentado numa banqueta em frente ao espelho do quarto. Olhei para o espelho e vi minha cara de felicidade. Aponto a máquina para minha própria imagem, o flash sobe automaticamente. Vai estourar a foto, penso. Cubro-o com a mão esquerda e disparo a primeira foto do meu brinquedinho. Eis o resultado.

15 março 2006

A ARTE NO BRONZE E NA FOTO


Numa tarde chuvosa e com a atmosfera num tom cinza escuro, faço a foto aí do lado a contra-luz. Como o nome diz, contra-luz é fotografar contra a claridade da luz, artificial ou não. Como nesse dia a luz era muito suave, deu esse efeito que gosto muito. Detalhe: A foto é em cores, só não aparecendo os tons diferentes porque o motivo é bronze escuro e as nuvens também era de um cinza escuro.

14 março 2006


Eu tenho um processo fotográfico interessante. Aliás, acho que todo fotógrafo, amador ou não, o têm. Antes de clicar qualquer foto, já a tenho revelada em meu cérebro. Vejam o exemplo aí do lado. Passeando no cemitério central de Araraquara, volto meu corpo e me deparo com esta imagem. Num processo celebral rápido a revelo e gosto. Aponto a máquina e registro a imagem, que sai exatamente do modo revelado, com suas sombras, brilhos, detalhes, etc. Outra curiosidade em mim. Não consigo fotografar quando não estou com vontade (inspirado). Se forço a barra fica um horror. Já andei um dia todo com a máquina a tira-colo sem tirar uma única foto.

13 março 2006

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES



Daniela com o foco voltado para o seu rosto. Taís num perfil caprichado no clique do Pai. São momentos que nos fazem sentir que a vida é bela e que vale a pena viver. Os momentos tênues de alegria procuro vivê-los intensamente. Foi assim o dia das fotos. Beijos às duas.

A VIDA..... AH, A VIDA......


Este rosto aí do lado redondinho não é de gordura, é inchaço pelo consumo de pinga. Assim que chegamos no casarão abandonado onde ele vive com outros companheiros, que ele insiste em chamar de "irmãozinhos", ele levanta a camisa e me mostra um buraco nas costas onde está enfiado um dreno no pulmão direito. O dreno estava purulento e cheio de moscas. Já faz seis meses que o dreno está ali sem higiene e sem a bolsa para coletar os excrementos. Não tem rendimento, casa, família. O Estado nem pensar. Desse jeito só bebendo mesmo para abreviar a vida. Eu não sabia se chorava ou vomitava na frente dele e de seus "irmãozinhos". Não fiz nem uma coisa nem outra, mas fiquei tão revoltado com a situação que saí daquele local com tonturas, ânsia de vômito, uma dor de cabeça incrível e uma vontade imensa de gritar que toda a sociedade é hipócrita.

12 março 2006

VERSO INESQUECÍVEL


Quando cursava o ensino médio, li um verso que não sei porque nunca mais o esqueci. Parece-me que o autor foi Manuel Bandeira. Voltando para casa nesta sexta-feira, vi e fotografei a imagem aí do lado que me remeteu ao verso inesquecível, que diz o seguinte:

No céu
a lua baça paira
mui cosmograficamente
satélite.

UM DIA DAQUELES


Sexta-feira, dia 10/03/06 foi um daqueles dias que não vemos a hora que acabe o expediente. Na volta para casa, cansadíssimo, olho pela janela do carro e vejo esta imagem aí. Estaciono, pego a máquina digital e fotografo. O final do dia instanteamente ficou mais leve com uma ponta de felicidade.

09 março 2006

VOLTANDO ÀS FOTOS DE ARARAQUARA


Jardim da Independência, também conhecido como Jardim Público. Esta foto feita com uma câmera digital no jardim mais antigo de Araraquara. Tem mais de cem anos e preserva muitas árvores nativas, inclusive alguns pés de pau-brasil.

08 março 2006

UMA PEQUENA FOLGA


Enquanto outros arrumavam os equipamentos, o trio Paulo Furtado, Belletti e Paulinho aproveitaram para posar de cineastas entusiasmados.

CÂMERA ? AÇÃO !!!!




Eis o ator e as atrizes em ação numa manhã de domingo no meio da sujeira e do mal cheiro. Realmente precisa gostar de cinema e teatro, senão ..... Pela ordem, José Campanholo, Tânia, Raquel, Terezinha e Fabiana.

07 março 2006

PARA O BINHO


Este é o Binho para os íntimos, ou, Rubens Miranda Junior para os formais. A barba estilo "Fidel" é só para provocar, quer dizer, sei lá.

06 março 2006

E A FILMAGEM ROLAVA SOLTA NO FEDOR


Uma bela tomada do set de filmagem. Começo sentir saudades, apesar dos muitos pesares. Enchi o saco de todo mundo. Fiquei chatérrimo e peço mil desculpas, ufa !

DEPOIS DE UM LONGO TEMPO


Finalmente depois de três meses filmamos o curta "A Santíssima Tetrindade". A locação foi num hospital psiquiátrico abandonado pelos proprietários e ocupado por sem teto. O prédio estava com um horroroso cheiro de latrina. Provocou ânsia de vômitos na equipe técnica e nos atores. No final das contas valeu o esforço. O ator e as atrizes foram fantásticos. Postarei outras fotos do set de filmagem.

02 março 2006

SAUDADE DO PLÍNIO MARCOS

DEUS É LUZ

Não um terrível algoz, não uma entidade
que governa, julga, pune, premia puxa-saco
e soca no inferno seus detratores.
Não pense que charlatães de qualquer naipe religioso ou seita
têm autoridade para representar Deus entre os homens.
Deus não está no topo de nenhuma hierarquia celeste.
Deus é movimento contínuo.
Deus é o todo que está no tudo.
O tudo que está no todo, explicava Hermes Trimegistro.

PÁTRIA É UM ABSURDO

A razão dos limites, a causa das guerras.
Um espírito viril quer ser livre e em limites
de qualquer espécie é oprimido, esmagado, sufocado.

PROPRIEDADE É LOUCURA

Suas coisas, né ?
Sua casa, seu carro, sua mulher, sua vaca,
seu filho, seu cachorro, seu marido.
Tudo seu. Tudo isso te prende.
Se prenda às coisas e elas te prendem.
Acumula, conforme mandam. Mas já sabe: não vai levar nada.
Caixão não tem gaveta. Mortalha não tem bolso.

FAMÍLIA É UM HORROR

Pode crer, é no lar
que castram a vocação e a sexualidade.
E o ser humano perde o sentido da vida,
fica sem condições de tirar prazer total do corpo.

EDUCAÇÃO É UM XAVECO

A escola não está interessada
na vocação de ninguém. Nem na percepção de ninguém.
Prepara a criança para servir o Estado.
Na verdade, o que chamam de ensino é adestramento.

TRABALHO É UMA ENGANAÇÃO

O homem precisa trabalhar.
E todo trabalho tem direito a um salário.
Isso é bíblico.
Mas só o homem ignorante se gratifica
pelo ordenado, pelo dinheiro que ganha.
O homem sábio se gratifica pelo
prazer de trabalhar.
E para isso tem que seguir seus
apelos vocacionais.
Já o trabalhador que trabalha só pela
remuneração
acaba trabalhando contra si mesmo:
faz qualquer negócio por um troco.

Sabe como é,
bruxa louca dos mil e um gnomos
e dos sete saquinhos de pedrinhas coloridas.

Querendo se afirmar como
o melhor patriota,
o melhor trabalhador,
o sujeito fica entranhado.
Preso nessas disciplinas absurdas,
competindo,
o sujeito fica angustiado.
Tenso. Duro da cabeça aos pés.
Sem tempo para o ócio. E isso é grave;
o ócio é fundamental
para a saúde, para a criatividade
e para o sexo.
Pratique o ócio sem culpa.
Tudo o mais sobre o sexo será sem culpa...

Então, se toca,
bruxa louca dos mil e um gnomos
e dos sete saquinhos de pedrinhas coloridas.

Joga toda essa sua carga de bobagem fora,
pára de rezar e meditar.
Fica à toa, coçando o saco.
Não faça esforço. Deixa tudo quieto.
Deus vem até você.

FIM


Plínio Marcos
Caros Amigos - Ano I - nº 1 - pg. 10

01 março 2006

HOMENAGEM AO PAULINHO


O maestro José Tescari fez Araraquara ser conhecida nacionalmente com sua genialidade musical. Sua memória está eternizada em praça pública com este busto.

MEUS LOUCOS


Tenho uma certa preferência de caminhar pela cidade quando ela está vazia. Foi o que fiz neste domingo de carnaval, montado em minha bike e, a tiracolo, minha câmera fotográfica. Eis aí o que encontro. Esta senhora falava, gesticulava e andava rápido. Só ela via seu interlocutor. Ela é apenas um daqueles que costumo chamar carinhosamente de "meus loucos". Ninguém sabe o nome, onde mora, o que come ou onde dorme. É um ser humano com o seu destino.

TESTEMUNHANDO A HISTÓRIA

A Igreja Matriz de Araraquara tem uma história cheia de incidentes. Aquela da foto que acabo de postar, é a quarta construção (salvo traição da minha memória ou prenúncio do mal de Parkinson). Cada coronel que tomava posse no mando da cidade, derrubava a Igreja contruída pelo mandante anterior e construía uma outra. Foi no jardim em frente a Matriz que houve um ruidoso assassinato no final do século XIX, conhecido como Britos. Cometido pelos capangas do Coronel de plantão.

26 fevereiro 2006

VOLTEI !!!!


Uau !! Volto a ter um blog depois de dois longos anos de ausência. Espero que este seja melhor que o anterior. Vou postar muitas fotos e farei comentários do cotidiano, além de postar comentários do blog anterior que mais receberam comentários dos blogueiros (as) que me visitaram. Como reinício, nada como homenagear a cidade onde vivo. Eis o marco da cidade: a Igreja Matriz