27 dezembro 2006

COM A PERMISSÃO DO BINHO

Oi pai, oi Cris, amores.
Hoje, como quase todo santo dia, despertador toca levanto me visto. Subida, metrô, van, trem. Por todos estes caminhos devo passar por umas cinco ou seis mudanças bruscas de temperatura. Vejo milhares de faces que nunca vou me lembrar. Ouço nomes, conversas, bebo café, vomito poluição. O trem tem a temperatura mais baixa. Deve ser pra condicionar os trabalhadores, deixá-los calmos para que não pensem quão tudo aquilo é difícil. Como são maltratados. Como é fétido o rio.Tem lírios na margem. Uma pequena horta e peixes boiando, mortos. Eu, sentado, lendo meu livro da TAZ - Zonas autonômas temporárias -Um tratato sobre anarquias, estudos sobre piratarias e, enfim, utopias. Dou uma pausa em cada estação, preciso saber onde estou. Entra um garoto, camisa com estampa de bichinho - laranja, mochila, tênis bem amarrado. Foi a mãe quem ensinou, imagino. Tem cara de ser bem esperto. Na verdade penso que toda criança deva ser um pequeno gênio (da lâmpada), liberta prá toda a maravilha do mundo. Senta-se no banco ao lado e pacientemente tira da mochila um disc-man, os fios estão todos embaralhados. O processo de arrumação da tralha toda leva uns cinco minutos. Fio plugado, disc-man apoiado na perna frágil com os pés balançando prá frente e prá trás. A escolha entre os dois cd´s é difícil. Qual ele deveria ouvir. Me parecia calmo e creio ter ficado feliz com a escolha. Cd no disc-man. Play. Play. Play. Play. Algo errado e uma expressão de surpresa. Abre a tampinha do compartimento de pilha. Nada. Vazia. Abre a mochila e revira. Outra peça embaralhada com os fios é a caixinha de força. Puxa fio, bufa, tira fio, bufa, enrola, guarda. Não tem lugar para ligar a caixinha! Desespero e monotonia invadem sua face. Olha pro teto. Deus. Novamente se volta pra tampinha do compartimento de pilha, abre, mexe na molinha, tóim, na esperança da mágica acontecer e ele poder viajar com a música. Fecha. Play, play, play, play. Bufa. Teto. DEUS! Bufa. Tira os fones do ouvido, pacientemente guarda o disc-man. Elis Regina canta no rádio do trem. Estridente. Cotovelo no joelho, mão no queixo. Desolado olha pro lado de fora e deve pensar o por que o mundo é tão cruel. Beijos pros dois. Binho

26 dezembro 2006

UFA !! ATÉ QUE ENFIM !!


Finalmente ficou pronta a edição do curta-metragem "A VISITA". O resultado não causou decepções, ficou dentro do previsto. Evoluimos mais um pouco na arte de filmar. Agora vamos ver a reação daqueles(as) que o assistirão.

25 dezembro 2006

A BEIRA DE UM APAGÃO

Realmente não me lembro de ter passado um ano como esse de 2006. Neste final de dezembro estou a beira de um apagão mental, tamanho é o cansaço que sinto no cérebro. Neste lapso temporal que chamamos de ano, aconteceu de tudo, dívidas que pareciam impagáveis, problemas pessoais difíceis de resolver, problemas profissionais de quebrar qualquer esperança de melhora, enfim, estou a beira de um ataque de nervos (não são só as mulher de Almodóvar que ficam assim). Interessante que no balanço geral, tudo se resolveu. Fizemos 3 documentários e dois curtas-metragens, além é claro, das minhas obrigações profissionais que me toma 8 horas diárias de segunda a sexta-feira e ainda alguns dias à noite. As vezes nem acredito que dei conta de tudo isso. Agora FÉRIAS !!!! Volto com a bateria carregada, e tudo recomeça, eis a VIDA !!!