18 junho 2007

ESTAMOS VIVENDO UM PORRE DE ATIVIDADES CULTURAIS



Mal terminou a Virada Cultural Paulista, começou aqui em Araraquara a XIX Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa. Teatro, Música, Contação de História, cinema, etc. Um porre cultural, só não participa quem não quer. Tem show para todos os gostos e em todos horários, inclusive à meia noite com a já consagrada sessão maldita. Nas fotos a Marcela e o Luciano na peça “Apaga a Luz e faz de Conta que Estamos Bêbados” – Grupo Olhos D’arte, no Teatro Municipal.

17 junho 2007

ESTÓRIAS DO JOAQUIM, MEU PAI

Era tarde de domingo numa estação de outono. Dia claro e seco. Sol forte. Os moços descansavam sob a mangueira após a partida de futebol. O patrão fazendeiro, como sempre fazia, estava ali para assistir a partida. Na estrada de terra batida ao longe vinha aproximando a figura de um homem. Ao chegar bem perto percebeu-se tratar de um homem negro, aproximadamente 40 anos, roupa batida, chapéu largo na cabeça, barba de semanas, sapatões velhos nos pés e um pacote grande sob o braço esquerdo. Aproximou-se do primeiro moço e perguntou pelo patrão. Com a resposta foi até um senhor de cabelos grisalhos, bigodes largos, sentado junto com outras pessoas. Cumprimentou-o e foi direto ao assunto. Queria trabalhar na fazenda. Naquela época todos que trabalhavam na fazenda moravam ali, inclusive o fazendeiro. O fazendeiro coçou acabeça, pensou um pouco e disse que não havia casa para ele morar. O homem não se abalou com a resposta. Propôs construir sua casa com madeira que ele cortaria. O fazendeiro pensou mais um pouco e propôs um trato. O homem deveria construir a casa com o tipo de madeira que ele indicasse e, após a casa pronta, era proibido substituir madeira ou reformar o imóvel. Assim que a casa caísse ele deveria deixar a fazenda. Uma vez aceito o trato, quando o fazendeiro falou que tipo de madeira era para utilizar na construção, o negro olhou para o céu, procurou a lua e prometeu voltar dentro de alguns dias para começar o trabalho. Todos sabiam que aquele tipo de madeira indicado pelo fazendeiro era muito frágil e apodrecia rapidamente. Todos ali tinham certeza que a casa não passaria de um ano em pé. Depois de alguns dias o homem negro voltou e passou a trabalhar de sol a sol. Menos de um mês a casa estava de pé e pronta para receber o morador. O homem negro só saiu dali depois de 10 anos porque arrumou outro lugar para se acomodar. Deixou a casa ainda em boas condições para receber outros moradores. O segredo estava na lua.

POESIA

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as
insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.

MANOEL DE BARROS

Tratado geral das grandezas do ínfimo