01 maio 2007

PASSEIO, NOSTALGIA, SAUDADE






Véspera de feriado (dia do trabalho, huahuahua), saí com minha máquina fotográfica para fazer um passeio no meu passado aqui na cidade. O túnel sob a Estação Ferroviária, o primeiro lugar onde atravessei com minha grande família ao mudarmos para Araraquara. Dormimos três noites no chão porque nossa mudança veio de trem e houve a necessidade de aguardar espaço nos vagões. A velha fábrica que trazia esperança de trabalho para uma família tão numerosa. O mercadão, meu primeiro local de trabalho, aos 11 anos de idade. Primeiro numa lojinha de sapatos e depois numa mercearia. A passarela que levava até a Rodoviária central. Eu, ainda menino, vibrava quando via os velhos ônibus da Cometa entrando nesse espaço. Finalmente o viaduto que liga a Vila Xavier ao centro da cidade. Meu caminho obrigatório para ir ao trabalho durante longos anos sob sol ou chuva a pé. Conheço cada pilar desse viaduto, também pudera cruzava-o 4 vezes ao dia!

O MEDO DO FUTUTO CALOU A VONTADE DO PRESENTE


Na chamada “sexta-feira santa” quando os católicos fazem vigília em lembrança da crucificação e morte de Jesus Cristo, estava eu caminhando entre as gôndolas de um supermercado quando vi uma garrafa de água importada da França a famosa Perrier. Fiquei com água na boca. Preço pelos 750 mls: R$ 7,00 !!! Achei muito caro e segui em frente. Lá no fundo vejo uma multidão comprando peixes. Neste momento lembrei-me de meu falecido pai por vários motivos. Ele gostava de peixes. Vivia queixando-se de desejos de comer comidas diferentes e caras, além de viagem que nunca se realizavam pela falta de dinheiro. Quando conseguiu algum dinheiro guardou-o, preocupado com o futuro. Morreu numa sexta-feira santa, deixando o pouco do dinheiro que guardou para os filhos. Pensei novamente no velho Joaquim e voltei resoluto para a garrafa de água Perrier e a trouxe para casa. Coloquei-a na geladeira e depois tomei cerimoniosamente numa linda taça de cristal.