Um rapaz entra no metrô apressado como todos os paulistanos. Senta-se no primeiro banco vago que encontra. Ele está vestindo uma jaquetão de mano, calça larga, toquinha rústica na cabeça. O rosto chupado, olhos vermelhos, desdentado. Todos sentem medo só de cruzar com o olhar dele. Num gesto rápido ele despe o jaquetão e aparece por baixo uma camiseta vermelha com a palavra "PAZ" gravada no peito. Deposita calmamente a jaqueta sobre os joelhos, encara a lourinha e sorri.
13 julho 2006
11 julho 2006
OS ANJOS DOS LOUCOS
Ninguém sabe o nome dele; fica vagando pelo bairro catando toquinhos de cigarros nas ruas. Não perturba ninguém e também não é perturbado. Vive o seu mundo. Conheço-o há muitos anos, sequer sei se ele fala. Nestes dias percebí que ele perdeu alguns dentes da frente. Estava sentado na calçada, como sempre com um pacote de papéis amassados sob o braço esquerdo. Segurava na mão direita um pão murcho que vez ou outra levava à boca. Começou cair uma chuva fina e fria sobre ele. Não se abalou, ficou ali mastigando o pão amanhecido. De repente olhou para o céu nublado e começou sorrir. Estava achando graça das brincadeiras dos anjos que só os loucos vêem.
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