10 outubro 2009

O AR NAS CHÁCARAS DE ITATIBA


Passar um final de semana numa pequena chácara em Itatiba é muito bom. Se estiver acompanhado de bons amigos e principalmente do Valdizar e da sua companheira Sônia, é indescritível. A conversa rola solta até altas horas. Fala-se de tudo, política, meio ambiente, cinema, comida. Preparei um delicioso tepan de salmão com repolho ao forno, acompanhado de arroz branco e sakê de dar água na boca. O ruim é que a revoada dos pássaros na tarde de domingo insistiam em nos lembrar que tínhamos que pegar a estrada, afinal segunda-feira é dia de trabalho duro. O Valdizar é esse cidadão aí, cearense arretado, com uma história de vida fantástica.

DETALHES QUE SÓ O FOTÓGRAFO VÊ

O TICO-TICOENTRE JACARANDÁ E PRIMAVERAS

O DETALHE SAUDOSAMENTE ANTIGO




VOCÊ PRECISA DISSO?

Passou pelos piores dias da sua vida. O câncer lhe causava dores insuportáveis. Foram meses de quimioterapia. Perdeu os cabelos, a auto estima, os amigos. Estava muito magro. É muito pobre, depende de médicos do serviço público, remédios do serviço público, de transporte público. Fez um último exame para ver seu atual estado de saúde depois de 1 ano de tratamento e uma cirurgia. Finalmente a boa notícia, estava curado. Saiu do hospital, foi até o ponto de ônibus sob um sol intenso. No ônibus, sentou-se à janela. Olhava as pessoas andando rápido. Crianças deliciando-se com sorvetes, levando bronca dos adultos que as acompanhavam. Sentiu novamente a vida. Fez o que há muito tempo não fazia: sorriu. Começou a sentir um forte desejo interno de viver, de se emocionar, de abraçar pessoas novamente. De dizer alto e em bom som: Estou curado! Ao seu lado senta uma mocinha e à frente sua amiga. Ambas aparentando 17 ou 18 anos. A amiga vira-se e começa comentar como está se sentindo. Está deprimida, problemas em casa, escola, namorado... E essa conversa com lamentos das duas foi se alongando. O rapaz olhou para ambas e disse: Sabe o que eu acho? Que vocês duas estão precisando passar por um câncer, quem sabe se a depressão, namorado, família, etc, fique para outro plano e vocês comessem a dar mais valor a vida. Reinou o silêncio total até o fim da viagem.

QUANDO A TECNOLOGIA ATRAPALHA

Soou o terceiro e último sinal. No alto falante do teatro os recados de sempre sobre saída de emergência em caso de incêndio, programação do mês e desligar sinais sonoros. A platéia fez um silêncio sepulcral. As cortinas se abrem. O palco está à meia luz. No centro uma atriz ajoelhada, corpo um pouco curvado para a frente, cabelos logos caídos sobre o rosto cabixbaixo. Ela começa movimentar os braços para cima e lentamente levanta a cabeça. Toca na platéia estridentemente a campaínha de um celular. A atriz para o início da encenação e diz: DESLIGUE O CELULAR.