08 outubro 2008

ACHEI NO MEU BAÚ

Fuçando no meu computador, mais específicamente num arquivo compactado e escondido nalgum lugar, achei este texto que fiz quando da minha visita a Cuba. Ei-lo, um pouco longo para um blog, mas se tiverem paciência leiam.

CUBA QUE EU VI

Eram 6:30 horas quando o velho Ilyushin tocou no solo cubano, sob os aplausos dos mais de 150 passageiros. Não entendi se os apupos foram motivados pelo fato de estarmos no chão ou se foi pela perfeição da manobra do comandante da aeronave, que proporcionou um pouso muito suave. O aeroporto José Martí é moderno, embora pequeno. Extremamente limpo, com uma ampla área de free-shop, onde se compra muitos produtos. Fui para a fila da alfândega. Confesso que estava apreensivo, porque na minha cabeça bombardeada com besteiras via imprensa brasileira, imaginava um batalhão de policiais a espera dos turistas dentro de uma pequena sala, bombardeando-os com perguntas do tipo, que veio fazer em Cuba ? Qual a sua ideologia política? Aguardo a minha vez de passar pelo guichê, onde se encontra o homem negro. Ao ser chamado, entrego a ele meu passaporte e a reserva do hotel, ao mesmo tempo que retribuo o cumprimento de “buenos dias”. Conferiu os documentos, digitou alguma coisa no computador e devolveu-me os papéis desejando uma boa estada em Cuba, com um largo sorriso. Só isso ?, pensei. Atravesso por uma porta e estou definitivamente em Cuba para matar minha curiosidade e descansar. A viagem para Varadero foi cheia de novidades. A rodovia estava movimentada às 7:20 horas. Muita gente aguardando carona ou o ônibus. Chegamos em Varadero às 9:30 horas. Ela, uma cidade balneária, fica numa faixa de terra que avança mar adentro. Tem uma população estimada em 25.000 habitantes, que vivem basicamente do turismo. Fico sabendo que já faz dois anos que não tem uma única ocorrência policial. Os hotéis, quase todos de uma rede canadense, são ótimos. Conversei com vários cubanos nas ruas de Varadero. Um deles em especial disse-me horrores de Cuba. O motivo de toda sua raiva estava na quantidade oficial de comida que pode ser adquirida. Queixou-se da falta de liberdade de expressão. Perguntou-me se tinha ido ou se iria à Havana. Com minha confirmação, acrescentou que “ainda bem, porque quem veio a Varadero não conhece Cuba”. Por fim, ofereceu-me um elixir de sua fabricação, que serviria como tônico afrodisíaco. Recusei gentilmente, embora preocupado, porque eu devia estar com cara de broxa. Após quatro dias em Varadero, desembarco finalmente em Havana. Logo na entrada leio num cartaz enorme que dizia existirem 200 milhões de crianças vivendo nas ruas do mundo, NENHUMA É CUBANA. Havana é uma cidade velha, com prédios da época colonial. O centro da cidade é conhecido pelos cubanos como Havana Velha. Lugar histórico, lindo de se ver e visitar. Tem alguma semelhança com o Pelourinho, em Salvador, Bahia, inclusive o povo, na maioria negros, descendentes de escravos africanos. Fiquei atento e percebi que o povo é pobre, no entanto nas ruas não há mendigos nem crianças abandonadas. O cartaz falava a verdade, e olhe que percorri Havana em quase toda a sua extensão num carro alugado de origem Coreana. Os cubanos possuem alguns orgulhos que não se cansam de elogiar. Seus ídolos pela ordem José Martí, que morreu lutando pela libertação de Cuba dos Espanhóis, Ernesto “Che” Guevara, Fidel Castro e o cantor Pablo Milanês. Os produtos dos quais se orgulham são os charutos, o rum (uma delícia) e a lagosta (ótima). Para mim sempre achei que os Cubanos deveriam orgulharem-se de si mesmos. É um povo valente. Vive numa pequena ilhota e, no entanto, até hoje não caíram nos encantos nefastos do grande cassino que se transformou o mundo, onde os donos da roleta são os americanos. Volto a nossa realidade e desembarco no Brasil, fugindo de mendigos, enchentes, assaltantes e convivendo com o cheiro de miséria no ar, sem falar de alguns políticos que me dão náuseas, começando pelo maior deles, o Presidente da República, o FHC, que me provoca azia só de ouvi-lo falar.

Rubens Miranda
fev/1999

05 outubro 2008

FICOU ASSIM


O portão da escola ficou assim, todo sujo com os "santinhos" dos candidatos. É o mais explícito desespero. Como acompanhei de perto a campanha, notei que no chão a quase totalidade dos papéis atirados ao chão era de candidatos (as) que não tem a menor chance de vencer. Esses candidatos vivem uma ilusão incompreensível. Se julgam capazes para se candidatar porque são ligados a igreja, comunidade do bairro, pastores (nesta eleição bateram o recorde)etc. Muitos com quem conversei sequer sabiam o que é Lei Orgânica ou Regimento Interno da Câmara. Repito o que disse antes, ainda é o melhor sistema de manter a democracia e a ordem, não há outro sistema, pelo menos por enquanto.