30 maio 2008

TARDE DE SEXTA-FEIRA


Às margens da rodovia que liga Araraquara ao Município de Ribeirão Bonito os ipês estão dando o maior show de beleza. Não pude resistir, apesar da pressa, e fotografei essa explosão de cores vivas no meio da mata verde que cresceu sobre o morro.

Ele estava assim de boné vestindo uma camiseta branca, duas camisas e um paletó estilo blazer, bem sossegado aguardando o frio que prenunciava. Enquanto o frio não vem, ele pegou uma tesourinha na mochila que estava ao lado e passou a cortar os fiapos e pontas de linha que estavam em seu blazer. Andar alinhadinho é bom pra todos, ou não ?

27 maio 2008

PABLO E PAULO


Sabado teve show de dança de sapateado no Teatro Municipal e eu, como de costume, fui lá fotografar os rapazes e moças. Desta vez por um motivo especial, foi a primeira apresentação do Paulo e do Pablo, depois que eles voltaram da Bélgica, onde irão estudar dança numa das mais conceituadas escolas de dança do mundo. Uma grande vitória para eles, a família, a comunidade e especialmente, seus professores daqui que acreditaram que eles só precisavam de uma oportunidade. O Paulo é o que está logo à frente de calça amarela (vide post de 11/05/08) e o Pablo está no centro da foto de calça marrom.

MANOEL DE BARROS QUANDO JOVEM

"Hoje eu completei oitenta e cinco anos. O poeta nasceu de treze. Naquela ocasião escrevi cartas aos meus pais, que moravam na fazenda, contando que eu já decidira o que queria ser no meu futuro. Que eu não queria ser doutor. Nem doutor de curar nem doutor de fazer casa nem doutor de medir terras. Que eu queria ser fraseador. Meu pai ficou meio vago depois de ler a carta. Minha mãe inclinou a cabeça. Eu queria ser fraseador e não doutor. Então, o meu irmão mais velho perguntou: Mas esse tal fraseador bota mantimento em casa ? Eu não queria ser doutor, eu só queria ser fraseador. Meu irmão insistiu: Mas se fraseador não bota mantimento em casa, nós temos que botar uma enxada na mão desse menino pra ele deixar de variar. A mãe beixou a cabeça um pouco mais. O pai continuou meio vago. Mas não botou enxada." Manoel de Barros, Memórias Inventadas - A infância, Ed. Planeta 2007, capítulo VII

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Recentemente li uma entrevista com o poeta Manoel de Barros. O entrevistador perguntou a ele quando começara o gosto pela leitura. Escrevo aqui o que me lembro de memória sobre sua resposta, foi assim: Quando criança estudava num colégio dirigido por padres. Sempre rigorosos com os alunos quanto a disciplina. Um dia eu estava no banheiro me masturbando quando um padre professor me surprendeu. Como castigo por este grande pecado fui obrigado a ler o "Sermão da Sexagésima" do Padre Antônio Vieira. Eu gostei tanto da leitura que entrava no banheiro para me masturbar justo na hora que vinha vindo o padre. E novamente tinha que ler prazeirosamente os sermões do padre Antônio Vieira. Fui acometido de anemia grave e internado, mas a essa altura já tinha lido toda a obra de Antônio Vieira.