14 abril 2006

10 abril 2006

TRÊS IMAGENS EM SÃO PAULO

NO CINEMA
Entro no Espaço Unibanco de Cinema. Vou até a vitrine da livraria. Um homem que estava lá olhando os livros expostos, vira-se e vem ao meu encontro rapidamente. Assusto, pois não o conhecia. Ele põe a mão direita no meu peito e diz: "Depois que acabou a União Soviética", tudo que se faz na Russia é bom, como esse negócio aí do astronauta brasileiro. Antes não prestava nada. E eu, sem saber o que falar: "é, é......". E ele. "E a Alemanhã então, antes não prestava, depois que caiu o muro, tudo ficou muito bom. E eu: "é, é ....". Não falou mais nada, só me encarava com olhos azuis e um cheito forte de cabelo sujo. Afastou-se e foi para a bilheteria. Entro na sala para assistir "CRIANÇAS INVISÍVEIS". Fim do filme, estou saindo, alguém dá um forte tapa nas minhas costas e pergunta "gostou do filme ?". Olho assustado e, para minha surpresa, é o fididinho outra vez. Dei um sorriso amarelho e fui embora.

NO TERMINAL RODOVIÁRIO DO TIETÊ
Na fila de embarque havia uma freira trajada higiênicamente de branco. Os sapatos destoavam, pois eram pretos, modelo rústico, quase masculino, eu diria. O hábito descia até o meio da canela, possibilitando ver as meias de algodão brancas. Ela segurava um livro grosso aberto em frente ao rosto, que lia com a ajuda de óculos. Estava compenetrada. Nada de anormal se não fosse uma freira japonesa.

NA RODOVIA DOS BANDEIRANTES
O ônibus ultrapassa uma perua kombi, lotada de freiras. Todas de branco, com óculos. Curiosas elas olham para o ônibus. Olhares calmos, exceção da gordinha que dirigia, que estava tensa com a presença do ônibus a menos de um metro da perua. O céu pode ser bom, mas morrer nem freira quer.