27 dezembro 2008

MINHA FAZENDA








A minha fazenda mede aproximadamente 150 metros quadrados!!!!

Nas fotos vemos na folha da abobreira 3 "monstros" coloridos que medem cada um 4mm. A flor macho da abóbora. A Pinha. As laranjas. Tem ainda um pé de jabuticaba produzindo, um pé de maçã, dois pés de tanjerina, três pés de goiaba produzindo e três pés de mamão produzindo, além de várias roseiras. Gosto da minha fazendinha.

26 dezembro 2008

FIM DE UM MISTÉRIO









Antes de falar sobre estas fotos quero fazer um pequeno e rápido comentário introdutório. Fui no Teatro Municipal de Araraquara assistir a última apresentação do ano da Escola Municipal de Dança Iracema Nogueira. Esta escola nasceu de um sonho da bailarinha Gilsamara Moura(ops, agora é Dra. pela PUC-SP). Foi uma luta. Precisou aprovar uma lei na Câmara Municipal. O projeto visava dar prioridade às crianças que não tivessem condições de pagar uma escola regular. E o projeto não era só para dança, era também para estudar Cidadania, Filosofia, Dança Contemporânea, Ballet, Arte em geral como pintura, escultura, artes marciais, etc, enfim, uma escola completa, e tudo com apenas duas horas diárias. O sucesso foi imenso, reconhecido em toda a cidade. Em todas as apresentações dos alunos (e eu não perdi nenhuma) eu choro de emoção. Tá certo que as vezes ficava encabulado sem saber o que me levava às lágrimas. Neste final de ano, depois de assistir a última apresentação e depois a formatura entendi do por quê do meu choro. É o meu subconsciente de um menino ferrado na vida que só conseguia as coisa com dor, sofrimento, muito trabalho e humilhação. Agora vejo crianças e adolescentes que poderiam ser eu, soltando o corpo num palco que antes só era usado pelos globais e os burguesinhos da cidade que têm condições de pagar até 100 reais para assistir um espetáculo qualquer. Esses adolescentes no palco já é motivo de emoção. Quando soltam o corpo, cantam, dançam, mostram vida, ninguém segura a emoção. Na formatura, foi demais. A Kelly começou a chorar no seu discurso e levou com ela toda a platéia, principalmente seus amiguinhos e amiguinhas que estão no último ano, vejam que foto emocionante, todos aplaudindo e chorando. A Gerente da Escola, Dra. Gilsamara Moura, se derramou em lágrimas, mal conseguiu ler o discurso (aliás, a Gilsa é pura emoção com relação a esses alunos e alunas). Com a mudança de governo municipal não se sabe o que vai acontecer com a Escola. Estou cético. Políticos são idiotas, malditos, ignorantes. Wilhelm Reich dizia que eles fedem, tem couraça, pele engordurada, uh, que nojo. Gostam do poder, não importa se para isso tenham que vender a mãe. Espero que aqueles que me visitam gostem. Com um clique sobre as fotos ela se ampliará e ficará bem melhor.

25 dezembro 2008

É UMA QUESTÃO DE OPORTUNIDADE


A foto é da terceira tomada de uma cena. Muito complicada. Ia indo tudo muito bem nesta terceira tomada, e quase no final estava ótima. Na última fala da Liliana ela caminha até a câmera e, puft, acende um flash de máquina fotográfica e estraga tudo. TODOS olham para a direção da fotógrafa com aquele olhar fulminante. Era a Patty que percebendo a gafe encolhe os ombros e diz: Desculpe.
A Liliana chegou no set de filmagem no horário combinado, às 8:30hs. Ela pensava: Bom, são 20 cenas, então como são 8:30 hs vou-me embora no máximo às 11:00 hs. Saiu do set às 17:00 hs, cansadíssima, tadinha.

Eis aí o roteiro completo, inclusive com as cenas.

É SÓ UMA QUESTÃO DE OPORTUNIDADE


CENA 1 - Externa - Dia - Manhã
Imagem da entrada da Escola Iracema Nogueira. Letreiros. Fachada.

CENA 2 - Interna - Dia - Manhã
Imagens da Escola Iracema Nogueira. Intervenções artísticas dos alunos e alunas. Quadros. Fotografias.

CENA 3 - Na sequência todas as cenas serão INTERNAS - DIA - MANHÃ e TARDE
Imagem de uma porta de um salão. Depois de alguns segundos entra uma menina com uma mochila nas costas. Calça sandália de dedos, usa saia rodada, camiseta “colan”. Ela caminha até próximo à câmera. Senta-se no chão. Calmamente retira da mochila um par de meias e começa a calcá-lo. Câmera em close no gesto de calcar a meia e depois a sapatilha. Câmera sobe lentamente até o rosto dela. Ela olha muito calma e meiga para a câmera e diz:

Eu vou contar uma história

CENA 4
Dito isto ela abaixa a cabeça e continua no ato de calçar a outra meia. Assim que acaba a cena se repete. Close no rosto e ela calmamente diz:

Certa vez, um grupo de marginais seqüestrou um homem e o levou para uma favela

CENA 5
Ela levanta-se. Faz o primeiro movimento de dança.
Câmera numa distância que aparece ela de corpo inteiro se levantando e fazendo o primeiro gesto. Câmera aproxima-se em close americano e de lado ela diz:

Mataram o homem (séria, triste)

CENA 6
Ela continua dançando em gestos lentos. A câmera começa a movimentar de lado para a frente dela no traveling. Ela fixa a câmera e diz:

Certo dia filha do homem assassinado foi visitar a favela aonde morreu seu pai

CENA 7
A menina continua dançando em gestos lentos. Abaixa o tronco em direção ao solo. Câmera no chão. Ela abaixa e entra o rosto no quadro. Ela diz:

A moça resolver abrir uma escola no local para ensinar jovens

CENA 8
Ela apressa na dança. Ganha ritmo mais rápido e compassado. Volta aonde está a câmera. Olha para a lente e diz:

Depois de alguns anos, a moça estava na entrada da escola quando chegaram duas meninas.

CENA 9
Vira para o lado em mais um gesto, desta vez mais lento. Close americano. Olha em direção à câmera e diz:

Uma das meninas era aluna, a outra não. A moça convidou a menina que não era aluna para entrar, mas ela ...

CENA 10
Ela olha para o lado oposto em close americano e diz:

....... recusou.

CENA 11
Ela abaixa de frente para a câmera em plano geral e diz:

A moça quis saber porque

CENA 12
Câmera em traveling vindo pelo lado e quando fica ao lado, a menina não vira-se, fica de perfil e diz:

Eu quero ser puta, respondeu a menina

CENA 13
A câmera volta no treveling até ficar em frente da menina. Close no rosto, cara de espanto. Ela diz:

PUTA ????!!! como puta ?!!!!

CENA 14
Música lenta, gestos moles, tristes. Plano geral. Câmera nas costas da menina em plano americano.

Ela fala alto:

É. Eu quero ser puta e ganhar dinheiro, respondeu.

CENA 15
Ela abaixa os braços, olha de lado para a câmera que está em close no rosto e diz:

Menina, deixe de ser boba, prostituta aqui na favela não ganha dinheiro !!

CENA 16
Começa a afastar-se da câmera que a acompanha. Ela vai gesticulando e dizendo:

Você deveria estudar aqui, aprender falar bem e depois ir para uma cidade grande aonde só tem ricos.

CENA 17
Câmera em close no rosto e ela diz:

Brasília, por exemplo só tem ricos.

CENA 18
Plano geral, ela vem de encontro com a câmera. Pára em close americano e diz com um sorrizinho discreto mas muito feliz:

A menina aceitou entrar para a escola

CENA 19
Som alto, música alegre. Dança a passos largos. É sinal de muita alegria. Ela sorri (todo o tempo de dança, música e alegria significa o tempo de estudo da menina)

A menina dançarina vai dançando até o local onde começou. Senta-se da mesma maneira. Mesmas cenas. Tirando as meias e guardando na mochila. Ela pega a mochila e diz em close até os ombros:

Depois de alguns anos essa menina está cursando o doutorado em Odontologia.

CENA 20
Levanta-se, coloca a mochila nas costas, olha para a câmera e diz com uma carinha feliz e marota:

É SÓ UMA QUESTÃO DE OPORTUNIDADE