Passou pelos piores dias da sua vida. O câncer lhe causava dores insuportáveis. Foram meses de quimioterapia. Perdeu os cabelos, a auto estima, os amigos. Estava muito magro. É muito pobre, depende de médicos do serviço público, remédios do serviço público, de transporte público. Fez um último exame para ver seu atual estado de saúde depois de 1 ano de tratamento e uma cirurgia. Finalmente a boa notícia, estava curado. Saiu do hospital, foi até o ponto de ônibus sob um sol intenso. No ônibus, sentou-se à janela. Olhava as pessoas andando rápido. Crianças deliciando-se com sorvetes, levando bronca dos adultos que as acompanhavam. Sentiu novamente a vida. Fez o que há muito tempo não fazia: sorriu. Começou a sentir um forte desejo interno de viver, de se emocionar, de abraçar pessoas novamente. De dizer alto e em bom som: Estou curado! Ao seu lado senta uma mocinha e à frente sua amiga. Ambas aparentando 17 ou 18 anos. A amiga vira-se e começa comentar como está se sentindo. Está deprimida, problemas em casa, escola, namorado... E essa conversa com lamentos das duas foi se alongando. O rapaz olhou para ambas e disse: Sabe o que eu acho? Que vocês duas estão precisando passar por um câncer, quem sabe se a depressão, namorado, família, etc, fique para outro plano e vocês comessem a dar mais valor a vida. Reinou o silêncio total até o fim da viagem.
10 outubro 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário