Até que enfim acabo hoje o conto feito em quatro partes. O final é inusitado, vejam:
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Lino chegou até a porta, levou a espingarda na altura do ombro direito, olhou na mira e visualizou a nuca do rapaz mais jovem. O outro estava na mesma direção, rindo alto. Ele estava segurando nas orelhas do cabritinho preso na forquilha de cabeça para baixo. O bichinho berrava desesperado e babava. Lino observou com o outro olho que o velho havia esquartejado o veado catingueiro e o estava salgando. Virou os olhos para mim que estava no seu lado direito e me disse:
Vamos acabar com isso logo. Com apenas um tiro acabo com os dois moços e com o outro cartucho acerto o velho. Vai ser uma desgraceira com muito sangue, depois não vai reclamar.
Calma Lino, retruquei, isso é apenas uma brincadeira, eles são pessoas virtuais.
Tá bom, disse, se é assim então lá vai, tape os ouvidos que o barulho vai ser forte. Contraiu um pouco os olhos. O dedo indicador da sua mão direita começou apertar o gatilho.
Foi nesse momento que trago a seta do mouse até o retângulo laranja da postagem e clico "publicar postagem" e me despeço do Lino, um homem virtual.
25 novembro 2007
18 novembro 2007
ENSAIO - PARTE III - PENÚLTIMA
O Moço tem muitos bichos aqui no quintal, disse o homem que estava sentado na sala. Ele levantou-se foi até o pote de barro e serviu-se de uma caneca com água. Lino que ainda estava absorto em seus pensamentos assustou-se, nada respondendo. O jovem e o mais velho ainda estavam tirando o couro do veado catingueiro no quintal. O terceiro homem estava de costas para o Lino enquanto entornava a caneca com água. Lino percebeu que eles haviam deixado as espingardas encostadas na parede. Lino sentiu um frio passando pelo corpo e uma vontade enorme de saltar sobre elas e sair disparando. E se elas estiverem descarregadas ? Aí ficarei nas mãos deles, pensou. Sentia a testa suar. O homem que estava tomando água depositou a caneca sobre o fogão, pegou as duas espingardas e foi para o quintal. Lino abaixou a cabeça confuso. Lá fora o homem que acabara de sair fazia troça com os outros dois, que lutavam para tirar o couro do animal morto sem cortar a carne. O mais velho voltou para dentro da casa para pegar o sal. Estava cheirando a sangue. Suas mãos e camisa estavam lambuzadas do líquido vermelho. Pegou o sal e voltou para o quintal, antes, porém, disse matreiramente a Lino que suas cabras estavam prontas para um bom churrasco. Lino nada respondeu, só sentia pelo pior. Lá no quintal o mais jovem corria atrás dos cabritinhos e o outro juntava no chão as entranhas do animal morto numa lata velha e enferrujada. Leva-a até a cerca do fundo do quintal e despeja seu conteúdo que servirá de comida aos urubus. O mais velho tirou o bicho morto da forquilha e o depositou sobre um estrado de madeira. O couro ele esticou com estacas após salgá-lo. Estavam todos os três distraídos. Suas espingardas estavam sobre o coxo de madeira. Uma idéia passou pela cabeça do Lino que assistia o movimento dos três homens. Pensava Lino em antecipar qualquer desgraça. Deveria aproveitar esse momento de distração dos homens, pegar sua espingarda e atirar neles. Tinha que ser rápido e escolher dois, afinal sua espingarda só tinha dois cartuchos e recarregá-la poderia demorar e ele ser alcançado por aquele que restar. Poderia matar dois e correr, pensou. Talvez fosse mais fácil atirar em dois e agarrar-se ao mais fraco, quem sabe o velho. É isso, pensou Lino. Atiro nos dois jovens e me agarro ao mais velho, se der acerto a cabeça dele com a coronha da espingarda. Lino transpirava e seu coração batia forte. Afastou-se calmamente até a porta do quarto sem virar-se. Com a mão esquerda foi tateando pela parede até sentir o cano frio da espingarda. Agarrou-o e a trouxe para perto do corpo. O mais jovem dos homens agarrara um cabritinho pela pernas traseiras e o trazia para perto da forquilha de cabeça para baixo. O bichinho berrava e se debatia desesperadamente, talvez assustado com o cheiro de sangue coagulado que manchara o chão. O outro jovem veio em socorro do amigo. Ambos estavam ocupados em pendurar o cabritinho na forquilha pelas pernas traseiras. O mais velho estava salgando a carne do veado catingueiro sobre o estrado de madeira que Lino usava para as tarefas diárias no quintal. Esta é a hora, pensou Lino. Os mais jovens estavam juntos, era difícil errar o tiro. O mais velho estava de costas desarmado e longe das espingardas. Lino enxugou o suor da testa, engatilhou a espingarda e cautelosamente encaminhou até a porta.
15 novembro 2007
FLORES DO CAMPO E CLOSE-UP NO JARDIM
Receita: Pega-se uma máquina fotográfica, coloque-a numa bolsa. Verifique se os pneus da bicicleta estão cheio de ar adequadamente. Mire-se para a periferia da cidade e vá sem destino, mas para o meio do mato. Lá chegando dê uma boa olhada nos mínimos detalhes que vai descobrir a transformação da natureza neste início de verão chuvoso. Flores simples e complexas se misturam e alegram o ambiente. As duas primeiras (flor de goiabeira e botão de rosa) foram tiradas no meu jardim com uma lente de 60 mm. Divirtam-se. Ampliadas ficam muito mais bonitas. Tente, pois.
02 novembro 2007
DIA DE FINADOS
Araraquara tem uma história muito interessante acontecida na passagem do séc XIX para o XX. Um rapaz chamado Rosendo Brito matou um fazendeiro de uma família tradicional da cidade (um pesquisador diz que foi legítima defesa). Esse rapaz foi preso junto com o tio que estava no local do crime. Poucos dias depois os capangas do fazendeiro invadiram a cadeia, retiraram os dois de lá e os lincharam. Como na época estava havendo um surto de febre amarela, os três foram enterrados provisóriamente fora da cidade. Anos depois os restos mortais do fazendeiro foram trazidos para o cemitério central, já os dois Britos permaneceram no mesmo local. Hoje o cemitério leva o nome deles "Britos". Onde eles foram enterrados construíram uma igreja (essa da foto). Muitos acreditam que eles são milagreiros, até tem uma sala de agradecimentos pelas graças recebidas.
Nunca pesquisei sobre o ato de queimar velas em cemitérios, igrejas, cultos, etc. O fato é que não gosto, o cheiro dessas velas comuns é horrível. Entretanto, as pessoas obedecem essa tradição antiga, sabe lá porque. Neste local onde aparecem essas pessoas da foto, o calor e o cheiro estavam insuportáveis, mas a cada minuto chegavam mais gente. Outra coisa que notei é que esse ano a concorrência religiosa estava no auge. No portão do cemitério havia gente de todos os credos, cada um com um Deus melhor que o outro empurrando panfleto com a sua propaganda, o que me fez lembrar a boca de urna nas eleições, aí me veio à mente uma música antiga cantada pelo Carlos José cuja estrofe diz: Porém, há um caso diferente/cada qual com sua gente/cada homem com seu Deus.
A velhinha veio andando lentamente amparada pelo rapaz de mais ou menos 40 anos que deduzo ser seu filho. Eles param atrás de um túmulo onde só tem uma cruz pintada com cal. Ela acende uma vela e a coloca ao lado da cruz junto com um vasinho de flores vermelhas artificiais. Num gesto inusitado ela acende um cigarro e também o coloca junto da vela e do vaso. Viram-se e vão embora. Concluo que o falecido morreu de enfisema pulmonar.
FOTOS PARA FOLDERS
Talita, uma das três atrizes que estarão na peça "Damas Horizontais". No estudio improvisado a temperatura ultrapassava os 35 graus devido aos holofotes. Mas valeu a experiência do fotófrafo amador.
A Raquel também será uma das personagens da peça, porisso a pose inigmática.
A atriz Fabiana em pose para foto que fará parte do folder de propaganda da próxima peça que irá atuar.
22 outubro 2007
ENSAIO (parte II) A SAGA CONTINUA
Aqui vai a segunda parte do ensaio. Lembre-se, serão 4 partes, continuo não sabendo o que se passará na terceira parte nem como acabará essa aventura.
ENSAIO (parte II)
Lino foi até o quarto. Puxou um pano que estava preso à parede do quarto que serve como cortina. O pano quase opaco fechou a visão escancarada do quarto. Lino foi até a cabeceira da sua cama, enfiou o braço direito por debaixo dela e apanhou a espingarda de dois canos que guardava ali ao alcance da mão. Dobrou o cano e certificou-se de que estava carregada com dois cartuchos. Levou-a até a porta do quarto e a encostou ao lado de uma caixa numa posição de fácil manuseio, caso fosse necessário. Lino voltou-se para a sala. Ao passar diante da porta, viu um dos rapazes trazendo preso às costas o veado catingueiro. Ele entrou na casa sorrindo. Posso usar sua forquilha para tirar o couro do bicho e salgar a carne ?, perguntou ao Lino. Antes mesmo que Lino respondesse o rapaz passou por ele encaminhando-se até o quintal onde estava a forquilha que Lino usava para preparar os cabritos que matava para comer. Pode, respondeu Lino, e se precisar de uma faca boa de corte tenho aí uma guardada, emendou. Carece não disse o mais velho, levantando-se do banco de madeira e seguindo o jovem com o animal morto. Vou ensinar esse cabra lidar com bicho morto, é o primeiro que caça na vida, completou. Ouvindo essas palavras Lino lembrou-se do seu pai. Quando completara 13 anos, seu pai o levou para caçar. Primeiro tomou o cuidado em ensinar-lhe como usar a espingarda. Parecia que ainda doía seu ombro direito onde apoiava a arma. O coice que ela dava ao disparar era muito forte para uma criança de 13 anos, mas Lino se fazia de durão e continuava atirando. Foi treino de uma semana na caatinga. No outro dia sairiam para a primeira caçada. Lino lembrava que aquela noite nem dormira direito, sem saber até hoje se pela emoção da primeira caçada ou do medo de atirar e ver o animal morto e ensanguentado, embora acostumado a assistir o pai sacrificar cabras e porcos no quintal. Mas desta vez seria diferente, era ele o executor da façanha. O dia ainda não tinha amanhecido quando o pai do Lino o acordou. Em minutos ganhavam o estradão de terra batida. O pai do Lino montado no seu cavalo preferido, todo preto com pêlos brilhantes. Lino montava um potro branco com pintas pretas e pequenas por todo o corpo, um animal fogoso devido sua juventude. Naquele dia tudo foi muito estranho, Lino e seu pai não encontraram nenhum animal de bom porte que valesse a pena matar. Retornaram ainda com o sol alto. No meio do caminho de volta o pai do Lino teve uma idéia. Chegando em casa pediu a ele que não descesse do cavalo. Foi até o cercado apanhou um cabrito no colo e trouxe próximo do Lino. Você vai caçar esse bicho, disse o pai encarando-o. Fique ali perto daquele tronco, disse o velho apontando o lugar, que devia estar a uns 20 ou 25 metros do local. Quando eu der o sinal vou soltar esse cabrito e você vai atrás dele e mate com um tiro, completou. Lino tremeu, nervoso. E não atire na posição de traseira da caça, senão pode acertar a cabeça do cavalo, ensinou seu velho. Fique parelho, exigiu. Lino ainda nervoso tomou posição, segurando a espingarda com as duas mãoes e com um dedo da mão direita prendia a rédea. Engatilhou a arma e ficou atento ao sinal do pai. Já !, gritou o velho soltando o animal. Lino esporou o cavalo que saiu correndo atrás do cabrito. Lino puxou a rédea levemente para a direita para se posicionar melhor. Alcançou o bicho, apontou a arma sentindo o coração bater forte. Tocou delicadamente no gatilho para não disparar antecipadamente. Ficou paralelo ao cabrito. Apertou forte no gatilho ouvindo um enorme estalo. O cabrito virou uma pirueta caindo de costas levantando poeira. O pai do Lino veio correndo. Lino parou o cavalo e voltou sem pressa. Ele tremia dos pés à cabeça. Ao aproximar do animal, Lino não desceu do cavalo, aguardou seu pai chegar. O velho chegou ofegante, ajoelhou ao lado do cabrito, examinou o ferimento, depois olhou para o filho com os olhos contraídos para evitar o excesso de luminosidade. Sorriu mostrando seus dentes pretos e orgulhosamente disse: Você atira bem rapaz!, vamos lá no quintal prender o bichinho na forquilha que vou te ensinar como se tira um couro.
ENSAIO (parte II)
Lino foi até o quarto. Puxou um pano que estava preso à parede do quarto que serve como cortina. O pano quase opaco fechou a visão escancarada do quarto. Lino foi até a cabeceira da sua cama, enfiou o braço direito por debaixo dela e apanhou a espingarda de dois canos que guardava ali ao alcance da mão. Dobrou o cano e certificou-se de que estava carregada com dois cartuchos. Levou-a até a porta do quarto e a encostou ao lado de uma caixa numa posição de fácil manuseio, caso fosse necessário. Lino voltou-se para a sala. Ao passar diante da porta, viu um dos rapazes trazendo preso às costas o veado catingueiro. Ele entrou na casa sorrindo. Posso usar sua forquilha para tirar o couro do bicho e salgar a carne ?, perguntou ao Lino. Antes mesmo que Lino respondesse o rapaz passou por ele encaminhando-se até o quintal onde estava a forquilha que Lino usava para preparar os cabritos que matava para comer. Pode, respondeu Lino, e se precisar de uma faca boa de corte tenho aí uma guardada, emendou. Carece não disse o mais velho, levantando-se do banco de madeira e seguindo o jovem com o animal morto. Vou ensinar esse cabra lidar com bicho morto, é o primeiro que caça na vida, completou. Ouvindo essas palavras Lino lembrou-se do seu pai. Quando completara 13 anos, seu pai o levou para caçar. Primeiro tomou o cuidado em ensinar-lhe como usar a espingarda. Parecia que ainda doía seu ombro direito onde apoiava a arma. O coice que ela dava ao disparar era muito forte para uma criança de 13 anos, mas Lino se fazia de durão e continuava atirando. Foi treino de uma semana na caatinga. No outro dia sairiam para a primeira caçada. Lino lembrava que aquela noite nem dormira direito, sem saber até hoje se pela emoção da primeira caçada ou do medo de atirar e ver o animal morto e ensanguentado, embora acostumado a assistir o pai sacrificar cabras e porcos no quintal. Mas desta vez seria diferente, era ele o executor da façanha. O dia ainda não tinha amanhecido quando o pai do Lino o acordou. Em minutos ganhavam o estradão de terra batida. O pai do Lino montado no seu cavalo preferido, todo preto com pêlos brilhantes. Lino montava um potro branco com pintas pretas e pequenas por todo o corpo, um animal fogoso devido sua juventude. Naquele dia tudo foi muito estranho, Lino e seu pai não encontraram nenhum animal de bom porte que valesse a pena matar. Retornaram ainda com o sol alto. No meio do caminho de volta o pai do Lino teve uma idéia. Chegando em casa pediu a ele que não descesse do cavalo. Foi até o cercado apanhou um cabrito no colo e trouxe próximo do Lino. Você vai caçar esse bicho, disse o pai encarando-o. Fique ali perto daquele tronco, disse o velho apontando o lugar, que devia estar a uns 20 ou 25 metros do local. Quando eu der o sinal vou soltar esse cabrito e você vai atrás dele e mate com um tiro, completou. Lino tremeu, nervoso. E não atire na posição de traseira da caça, senão pode acertar a cabeça do cavalo, ensinou seu velho. Fique parelho, exigiu. Lino ainda nervoso tomou posição, segurando a espingarda com as duas mãoes e com um dedo da mão direita prendia a rédea. Engatilhou a arma e ficou atento ao sinal do pai. Já !, gritou o velho soltando o animal. Lino esporou o cavalo que saiu correndo atrás do cabrito. Lino puxou a rédea levemente para a direita para se posicionar melhor. Alcançou o bicho, apontou a arma sentindo o coração bater forte. Tocou delicadamente no gatilho para não disparar antecipadamente. Ficou paralelo ao cabrito. Apertou forte no gatilho ouvindo um enorme estalo. O cabrito virou uma pirueta caindo de costas levantando poeira. O pai do Lino veio correndo. Lino parou o cavalo e voltou sem pressa. Ele tremia dos pés à cabeça. Ao aproximar do animal, Lino não desceu do cavalo, aguardou seu pai chegar. O velho chegou ofegante, ajoelhou ao lado do cabrito, examinou o ferimento, depois olhou para o filho com os olhos contraídos para evitar o excesso de luminosidade. Sorriu mostrando seus dentes pretos e orgulhosamente disse: Você atira bem rapaz!, vamos lá no quintal prender o bichinho na forquilha que vou te ensinar como se tira um couro.
15 outubro 2007
COMEÇOU A NOVA AVENTURA
Semana que vem eu darei andamento ao conto que iniciei já que ninguém se habilitou em fazê-lo. O Junior diz que corrigirá o texto, vou cobrar. Começamos neste final de semana a mais nova aventura, filmar um média metragem. Como sempre foi dificílimo. Os figurantes não entendiam a demora em filmar uma cena. Não entendiam que não se tem hora para começar as tomadas de cena e a hora de terminar. Num lugar ermo e longe, começamos filmar às 16:00 horas sob um sol intenso e calor insuportável. Não aguentava mais reclamação. Colocávamos cervejas nas mesas que serviriam de cenário, os figurantes bebiam todas. A última cena foi finalizada às 0:15 horas. Nas fotos, pela ordem de cima para baixo: No centro da foto destacando o ator Zé Campanholo, as atrizes Marcela (da esquerda)e Rosa e uma geral.
02 outubro 2007
VOCÊS ME AJUDAM ???
A partir de hoje, 02 de outubro de 2007 começo a escrever um Ensaio que ainda não tenho o meio e o fim, apenas o começo. A idéia é que aqueles(as) que me visitam ou me mandam e-mails sugiram como a história deve continuar e depois de 4 (quatro) partes haja um final, vcs. topam ?? Aguardo uma semana, senão eu dou sequência, fazer o que né ? Veja o início logo abaixo.
ENSAIO ( parte I)
ENSAIO (parte I)
O calor estava insuportável. Os primeiros raios de sol penetravam pela fresta da janela de tábuas rústicas do quarto humilde. Lino virou-se na cama fazendo ranger as tábuas que sustentavam o colchão de espuma. Sentia o corpo pesado, preguiçoso. Achou por bem levantar-se. Enxugou o suor que descia pela testa e pescoço com o dorso da mão direita. Abriu a janela deixando a claridade do sol entrar. Contraiu os olhos até se acostumar com a luz do dia que estava iniciando. Seria com certeza mais um dia quente e sem chuva, que, aliás, não era novidade, afinal já se passaram dois meses sem que houve sequer um chuvisqueiro. Alguns cavaleiros passavam no estradão de terra poeirenta, acompanhados de alguns cães, que, despreocupados, brincavam entre si. Lino foi para a cozinha preparar o café. Lembrou-se com saudades dos filhos e da mulher, que foram morar com o seu sogro até que voltasse a chover. A água do açude precisava ser economizada e servia exclusivamente para cuidar dos animais que criavam e que, em contrapartida, forneciam leite e carne. Enquanto Lino preparava o café, alguém gritou no portão:
Ô de casa !!
Lino caminhou até a porta, abrindo-a com esforço porque ela raspava no chão duro de terra batida. Com a porta aberta avistou três cavaleiros com roupas típicas daquela região. Dois deles traziam espingardas presas nas costas com tiras de couro. Todos tinham na cintura uma peixeira longa.
Bom dia, disse o mais velho deles. Aparentava ter uns 50 anos. Pele morena queimada do sol forte da região. Sentimos cheiro bom de café fresco, resolvemos pedir pro moço se não pode arrumar uma canequinha pra nós; passamos a noite aí pelo mato caçando e estamos cansados; bem que um cafezinho vai ajudar um bocado, continuou o mais velho.
Lino, sem saber o que fazer com aquela situação inesperada, afinal coisa igual nunca tinha acontecido, ainda mais naquela hora da manhã. Eram pessoas desconhecidas e sequer aparentavam ser gente de paz.
Bom dia, respondeu Lino, titubeante. Coloque os cavalos ali na sombra da árvore que o café tá pronto, emendou.
Só quando os cavaleiros desmontaram dos cavalos é que Lino percebeu que na garupa do homem que estava no meio, tinha um veado catingueiro morto. Lino fingiu que não havia notado. Assim que os homens entraram na casa de Lino o ar ficou impregnado do cheiro de suor e couro. Os dois homens que portavam as espingardas, vieram com elas para dentro da casa, o que deixava Lino pouco a vontade.
Acomode e não repare o barraco, disse Lino apontando os bancos de madeira que ficavam encostados na parede.
O moço mora sozinho ?, indagou um dos cavaleiros, esticando o pescoço em direção do quarto que não tinha porta.
Mandei a mulher com os filhos para a casa do pai dela, até a chuva chegar, respondeu Lino num tom baixo e desinteressado. (continua)
O calor estava insuportável. Os primeiros raios de sol penetravam pela fresta da janela de tábuas rústicas do quarto humilde. Lino virou-se na cama fazendo ranger as tábuas que sustentavam o colchão de espuma. Sentia o corpo pesado, preguiçoso. Achou por bem levantar-se. Enxugou o suor que descia pela testa e pescoço com o dorso da mão direita. Abriu a janela deixando a claridade do sol entrar. Contraiu os olhos até se acostumar com a luz do dia que estava iniciando. Seria com certeza mais um dia quente e sem chuva, que, aliás, não era novidade, afinal já se passaram dois meses sem que houve sequer um chuvisqueiro. Alguns cavaleiros passavam no estradão de terra poeirenta, acompanhados de alguns cães, que, despreocupados, brincavam entre si. Lino foi para a cozinha preparar o café. Lembrou-se com saudades dos filhos e da mulher, que foram morar com o seu sogro até que voltasse a chover. A água do açude precisava ser economizada e servia exclusivamente para cuidar dos animais que criavam e que, em contrapartida, forneciam leite e carne. Enquanto Lino preparava o café, alguém gritou no portão:
Ô de casa !!
Lino caminhou até a porta, abrindo-a com esforço porque ela raspava no chão duro de terra batida. Com a porta aberta avistou três cavaleiros com roupas típicas daquela região. Dois deles traziam espingardas presas nas costas com tiras de couro. Todos tinham na cintura uma peixeira longa.
Bom dia, disse o mais velho deles. Aparentava ter uns 50 anos. Pele morena queimada do sol forte da região. Sentimos cheiro bom de café fresco, resolvemos pedir pro moço se não pode arrumar uma canequinha pra nós; passamos a noite aí pelo mato caçando e estamos cansados; bem que um cafezinho vai ajudar um bocado, continuou o mais velho.
Lino, sem saber o que fazer com aquela situação inesperada, afinal coisa igual nunca tinha acontecido, ainda mais naquela hora da manhã. Eram pessoas desconhecidas e sequer aparentavam ser gente de paz.
Bom dia, respondeu Lino, titubeante. Coloque os cavalos ali na sombra da árvore que o café tá pronto, emendou.
Só quando os cavaleiros desmontaram dos cavalos é que Lino percebeu que na garupa do homem que estava no meio, tinha um veado catingueiro morto. Lino fingiu que não havia notado. Assim que os homens entraram na casa de Lino o ar ficou impregnado do cheiro de suor e couro. Os dois homens que portavam as espingardas, vieram com elas para dentro da casa, o que deixava Lino pouco a vontade.
Acomode e não repare o barraco, disse Lino apontando os bancos de madeira que ficavam encostados na parede.
O moço mora sozinho ?, indagou um dos cavaleiros, esticando o pescoço em direção do quarto que não tinha porta.
Mandei a mulher com os filhos para a casa do pai dela, até a chuva chegar, respondeu Lino num tom baixo e desinteressado. (continua)
23 setembro 2007
VAI COMEÇAR NOVA AVENTURA
Ainda na primeira semana de outubro começaremos a nova aventura de fazer um filme média-metragem. Neste domingo revisitamos um dos locais da filmagem. A equipe sentou no local para discutir luz, posição da câmera, cor das paredes, etc. No local estavam vários moradores curiosos com a nossa presença. Um deles, senhor Pedrinho (o da esquerda da foto), 85 anos que me passou a receita da sua lengevidade. Recomenda levantar bem cedo, bater dois ovos com açúcar e despejar sobre a mistura leite fervido, de preferência ordenhado naquela hora. Garante que dá para aguentar até a uma da tarde. Mostra as mãos calejadas e machucadas como resultado da sua labuta em montar e amansar cavalos.
19 setembro 2007
COMO ESTOU ME SENTINDO
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia
Será que eu falei o que ninguém ouvia ?
Será que eu escutei o que ninguém dizia ?
Eu não vou me adaptar, me adaptar.
Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara não é minha
Quando me toquei me achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho.
(TITÃS)
09 setembro 2007
FESTIVAL DE DANÇA DE ARARAQUARA - 2007
Fui autorizado fotografar os alunos(as) da Escola Municipal de Dança de Araraquara durante a apresentação no Teatro Municipal, mas como a bailarina venezuelana radicada em Nova Yorque, JULIETA VALERO se apresentou antes, fotografei-a sem autorização (que feio !!!). Até agora ninguém bronqueou. Os alunos apresentaram-se logo em seguida numa deliciosa maratona de todos os ciclos. Simplesmente emocionante e surpreendente a evolução dos alunos(as).
30 agosto 2007
SEMPRE AOS DOMINGOS
Domingo de dia seco e quente. Tentei terminar um trabalho no computador logo pela manhã. Só depois de ligada a máquina é que percebo que o arquivo que precisava ficou no local de trabalho. Comecei a ficar tenso e nervoso pois não tinha como entrar na minha sala num domingo para pegar o arquivo. Nesse momento de crise procuro refletir para chegar na melhor solução para o caso, evitando stress. Solução: Não vou poder fazer o serviço e também não vou ficar estressado por isso. Fui até o armário, peguei a máquina fotográfica e saí sem destino. O resultado está aí acima. Flores e mais flores. Fiquei realmente calmo o resto do dia. Não custa lembrar, as fotoss ampliadas são um show a parte, basta um cliquesinho sobre elas.
24 agosto 2007
ASSIM É, ASSIM FOI
Seis e meia da manhã. Levanto zonzo. Banho morno relaxante. Continuo zonzo e sonolento. Creme no rosto, faço a barba. Creme hidratante. Roupa limpa, cheirando a amaciante. Meias de algodão. Cozinha. Água fervente na chaleira. Pó de café no coador de pano. Água em circulo sobre o pó preto. Cheiro irresistível invade a cozinha. Me transporto, vou bem lá atrás no tempo. Garoto com quatro anos, cabelos em desalinho, calça curta, descalço, roupa toda amassada. Sentado diante de uma mesa de madeira grossa, rústica. O fogão a lenha está aceso. Há no ar um cheiro de curral de gado, mugido de vacas e touros. Galinhas, galos e pintinhos fazem barulho no quintal. O café começa a ser coado pela avó, uma baianinha baixinha, gordinha. Tinha a impressão que o avental deixava-a ainda mais baixa. O cheiro do café invade todo o ambiente e percorre os quartos, como se estivesse convidando todos a acordarem. O avô aparece na porta da cozinha, vindo do curral. Na mão direita um reio, usado para tanger o gado. Nos pés uma bota de cano alto, surrada e toda suja de barro e estrume. Passa por mim afagando minha cabeça. Sorri. Vai até o fogão e serve-se de café fresco com leite. A avó me traz a mistura quente de café/leite em uma caneca de alumínio. Na mão esquerda vem uma fatia grossa de pão caseiro besuntada com manteiga que ela mesmo fez. O tempo devia ter parado naquele dia.
O celular toca irritantemente. Sequer procuro saber quem é, pois tenho certeza que é problema. A dúvida fica por conta do tamanho do monstro. De qualquer forma terei que enfrentá-lo e sei que vou vencê-lo.
O celular toca irritantemente. Sequer procuro saber quem é, pois tenho certeza que é problema. A dúvida fica por conta do tamanho do monstro. De qualquer forma terei que enfrentá-lo e sei que vou vencê-lo.
19 agosto 2007
RIR PARA NÃO CHORAR
Neste final de semana, participando de um encontro eu me diverti muito nos intervalos. Surgiu uma conversa sobre as bobagens que alguns prefeitos e vereadores, sobretudo aqui da região, cometem quando falam alguma coisa. Vamos a alguns exemplos. O primeiro é de Araraquara. Na Câmara Municipal estava em curso uma acalorada discussão sobre a obrigação da Prefeitura em construir outro Velório Municipal. Num determinado momento um vereador pediu a palavra para um aparte, que foi assim:
- O nobre colega me permite um aparte?
- Pois não Excelência, pode falar.
- Eu acho que estamos perdendo tempo com esta discussão, acho que os colegas deveriam fazer como fizemos lá em casa, lá nós decidimos que todos nós seremos CROMADOS. (uahuahuahuahuah)
Outro exemplo foi numa cidadezinha por aqui (este não sei se foi verdade, mas acredito que sim, visto que inteligência nesse meio é difícil). O Prefeito foi convidado para uma reunião na cidade vizinha. Lá chegando, havia uma mesa com garrafas de café. O Prefeito chega e a secretária toda educada o recebe e o convida para um cafezinho antes da reunião. Ele aceita e se serve. O café está sem açúcar e ele não o adoça. A moça muito gentil pergunta:
- O senhor é DIABÉTICO ?
- Não eu sou PREFEITO mesmo. (uahuahuahuah)
Mais um caso. O Prefeito de uma cidadezinha perdida por estes rincões vai visitar outro ali por perto. Logo ao chegar é recebido em festa pelo colega que vem ao seu encontro de braços abertos.
O visitado: Ô Excelência, como vai aquela sua ZONA ???
O visitante, encostando sua boca no ouvido do visitado: CHEGARAM UMAS MENININHAS NOVAS LINDAS !!!! (uahuahuahuah)
- O nobre colega me permite um aparte?
- Pois não Excelência, pode falar.
- Eu acho que estamos perdendo tempo com esta discussão, acho que os colegas deveriam fazer como fizemos lá em casa, lá nós decidimos que todos nós seremos CROMADOS. (uahuahuahuahuah)
Outro exemplo foi numa cidadezinha por aqui (este não sei se foi verdade, mas acredito que sim, visto que inteligência nesse meio é difícil). O Prefeito foi convidado para uma reunião na cidade vizinha. Lá chegando, havia uma mesa com garrafas de café. O Prefeito chega e a secretária toda educada o recebe e o convida para um cafezinho antes da reunião. Ele aceita e se serve. O café está sem açúcar e ele não o adoça. A moça muito gentil pergunta:
- O senhor é DIABÉTICO ?
- Não eu sou PREFEITO mesmo. (uahuahuahuah)
Mais um caso. O Prefeito de uma cidadezinha perdida por estes rincões vai visitar outro ali por perto. Logo ao chegar é recebido em festa pelo colega que vem ao seu encontro de braços abertos.
O visitado: Ô Excelência, como vai aquela sua ZONA ???
O visitante, encostando sua boca no ouvido do visitado: CHEGARAM UMAS MENININHAS NOVAS LINDAS !!!! (uahuahuahuah)
BRASILEIRAS E DINAMARQUESAS
Recentemente estiveram em Araraquara e região diversas crianças vindas da Dinamarca através de um intercâmbio. As crianças de lá vêm para cá e ficam hospedadas nas casas das crianças brasileiras que irão para lá. Numa das visitas onde todos se encontraram fui convidado pela minha amiga Cassia, que recebeu uma das crianças, para participar de um passeio junto a um acampamento de sem-terras. Levei, é claro, minha máquina e eis o resultado de algumas fotos feitas num casarão do local. Clique sobre a foto para vê-la grande, é mais bonito.
14 agosto 2007
ANTES QUE A REVOLTA PASSE
Todos esses dias fiquei tentando postar umas idéias e não conseguia. Hoje apressadamente o faço, mas não esperem grandes coisas, são só algumas idéias. Estive observando como a sociedade está ficando cada dia mais idiota. O termo parece forte mas é isso que penso. Tudo que sai na Globo é tido como verdade. Nunca se vendeu tanto livro de auto-ajuda. Paulo Coelho diz na Folha que foi obrigado gostar de Ingmar Bergmam, hoje ele o acha chato (bons são os livros dele). Tem "artista famoso" que não consegue pronunciar duas palavras. A televisão está com uma programação de embrulhar estômago, basta que se tenha um neurônio, pois se tiver mais que um ou morre de infarte ou se suicida. Erico Veríssimo adverte: Os médicos deveriam proibir seus pacientes de assistirem telejornais, que faz mal à saúde. Os jornais escritos estão um horror. Ficam torcendo para que aconteçam tragédias para vender seus lixos escritos com opiniões de "especialistas". Está difícil manter amizades, principalmente se você exigir que seus amigos tenham lido pelo menos um livro na vida. É isso ....... por enquanto.
05 agosto 2007
VIAGEM
Um jovem empresário, presidente de uma S.A. herdada do seu pai, levanta-se muito cedo para preparar a papelada para a Assembléia de acionista que começará às 10 horas. Ainda na rua seu celular toca várias vezes. São pessoas que o atormentam com interesses pessoais. Ele vai ficando irritado com os telefonemas, não só porque ele está ao volante do carro, mas também pelo fato de serem assuntos irritantes. Ele chega na empresa e há muitas outras ligações. Só consegue paz quando chega sua secretária que passa a atender os telefonemas. Nesse momento ele vai até a janela do escritório e "viaja" para este local aí da foto, que servirá de locação para um filme de média metragem que será (espero) rodado no mês de outubro deste ano. Aproveito também para apresentar a todos o simpático senhor Nemo, dono do local que nos recebeu com muito carinho num perdido distrito de Curupá, SP.
O VELHO E A ESPERANÇA
O velho de cabelos grisalhos e mal cuidados entrou na casa lotéria. Suas mãos estavam trêmulas, as unhas estavam sujas de terra. Vestia uma camisa toda listrada em branco e azul, bem surrada, com pequenos rasgos sob os braços. A calça marrom também demonstrava muito tempo de uso. Seus sapatos que um dia foram pretos, estavam com o couro ressecado e sem o cadarço, embora aquele modelo exigia esse apetrecho. Tirou do bolso da camisa uma tira de papel onde constava alguns números e passou a conferí-los com dificuldade numa grande folha pendurada na parede. Precisava encostar seu rosto o mais próximo possível da folha de resultado, tamanha a dificuldade de enxergar. Lentamente ele olhava para sua tirinha de papel e para a lista da parede. Número por número, impacientando os mais jovens da fila que aguardavam sua vez. Terminada a conferência, abaixou a tira de papel, ficou cabixbaixo, falou alguma coisa inaudível, caminhou lentamente para a porta. Desceu os dois degraus, jogou na sarjeta a rara esperança de um dia se alimentar melhor.
TROCARIA TUDO POR UM AMIGO(A)
Amigos ou amigas não existem. O que todos nós temos são colegas, amizades. Se você ficar ausente algum tempo, nem telefonema receberá, pode crer. Se a amizade for um pouco mais íntima, esse tempo vai um pouco além, mas acaba rapidinho. Se aparecer dinheiro entre dois colegas então é inimizade na certa. Sabe como encarar essa realidade ? É só saber que a vida é assim. Se você souber que a vida e o relacionamento entre pessoas é assim, não sofrerá no rompimento por uma coisa que sabia que poderia acontecer.
NÃO HÁ NADA DE NOVO SOB O SOL
Acabo de assistir uma maratona de 8 DVD´s sobre a história de ROMA. O que me levou a essas longas horas diante do vídeo foi um comentário de um historiador que achou a série filmada uma das mais fiés. Sempre fui curioso sobre o que se passou no período romano de mais de 2000 anos atrás. Para quem acha que corrupção, traição, prostituição, incesto, intrigas, roubos, assassinatos, etc, é coisa de agora, deve assistir ROMA. O homem, genericamente falando, quando chega ao poder fica louco, insensível, violento, sem honra, ética, vergonha, etc, etc. Uma das poucas coisas que avançou para melhor daquele período para nosso foi a expansão do conhecimento em algumas áreas científicas, o homem continua o mesmo. Isto até parece proposital, pois tenho a impressão que de vez em quando precisamos de um ditador louco para causar guerras e diminuir a explosão demográfica matando muita gente. Se não houvesse duas guerras mundiais, quantas almas teria a terra hoje, dá para saber ? Credo, que tema que escolhi, não ?
19 julho 2007
AVIÕES E AFINS
Desde há muito tempo nutro uma paixão por aviões. Sempre achei e continuo achando que é o meio de transporte mais rápido e mais seguro que existe. São mais de um milhão de decolagens e aterrisagem por dia no mundo todo, entretanto, os acidentes com vítimas são raros, via de regra por falha humana. Façam uma comparação. Quantas pessoas morreram em acidentes nas rodovias no último feriado de carnaval, ou outro feriado prolongado qualquer. Você vai se surpreender. No mundo todo morre mais pessoas nas rodovias do que em acidentes com aviões. Agora, decolar ou aterrisr em Congonhas é outra história. É adrenalina pura. Lembro-me de algumas vezes que eu ficava olhando pela janela do avião na cabeceira da pista. Sobe o giro dos motores e lá vamos nós grudados na poltrona pela força do empuxo. O prédio ao lado passa rápido; em segundos o barulho do pneu em contato com a pista some; começa a aparecer os telhados dos prédios. No horizonte a cidade parece não ter limites e os passageiros estão numa posição de mais ou menos 45º!!! Corre um friozinho na barriga, com certeza. Toda vez que vou na casa da minha irmã Maria em Sampa, chego até a sacada da casa dela ali no Bairro Jabaquara e fico apreciando o intenso tráfego aéreo do Aeroporto de Congonhas. Se estou com minha máquina fotográfica, tiro algumas fotos como esta que estou publicando aqui. O avião da foto está numa altura aproximada de 200/250 metros e a torre mede no máximo 60 metros. O efeito que a foto trouxe é uma ilusão de ótica, pois ela está mais próxima do fotógrafo. Sobre o recente acidente do avião Airbus da TAM podem anotar, foi uma sucessão de erros, esperemos para saber o que está registrado na caixa preta.
15 julho 2007
VI NUM DOMINGO E FOTOGRAFEI
Domingo de clima extremamente seco saí para fotografar qualquer coisa interessante que visse pelo caminho. Vi a velha Estação Ferroviária construida em 1921, toda destruída e abandonada. Vi o trem passando ao lado dessa obra histórica do nosso passado. Vi o caminhão levantando poeira no meio do canavial. Vi também a usina que fabrica açúcar e álcool. Registrei tudo, um dia quem sabe servirá para alguma coisa.
DIRETO DO MOVIMENTO DOS SEM TERRA
NOVAS REUNIÕES DO OP
Fui para mais uma rodada da reunião do Orçamento Participativo. Desta vez estava em votação o pedido da comunidade periférica para que a Prefeitura instalasse no bairro um Portal do Saber, já existente em vários bairros. O Portal do Saber é o local onde se localiza vários computadores ligados à rede mundial (internet) onde os cidadãos de todas as idades fazem uso dessa moderna tecnologia. Valia até conversa no pé do ouvido. Gente simples mas sábia.
30 junho 2007
O FIM DO MUNDO
O garotinho não conseguiu dormir à noite. Teve vários pesadelos com o fim do mundo. Naquele mês de julho o boato de que o mundo iria acabar era muito forte. Na cabeça do menino era um terror. Haveria, diziam, um primeiro sinal, depois a catástrofe. Levantou-se e foi até o portão ver quem o chamava. Em frente à sua casa vários amigos da escola, todos munidos de vara de pescar e iscas para peixe. Porque não?, pensou, afinal serviria para distrair. Rapidamente apanhou uma vara de pescar e um pouco de miolo de pão, ganhando a rua sob os impropérios da irmã mais velha que estava encarregada de pageá-lo. Venceram aproximadamente três quilômetros até o local da pesca. Quando o menino se preparava para atirar a isca na água, olhou para o céu e viu um minúsculo objeto brilhante e atrás dele um enorme risco que ia crescendo. O menino ficou gelado. ERA O SINAL DO FIM DO MUNDO. Deixou tudo na margem do rio e passou a correr alucinadamente. Na sua cabeça apenas um desejo. Queria estar ao lado da irmã quando o mundo acabasse. Venceu a distância em poucos minutos. Encontrou a irmã varrendo o quintal. Não conseguia falar nada, tamanho o cansaço. Quando conseguiu, apenas disse apontando para o céu "o sinal do fim do mundo". A irmã viu o rastro de fumaça se desfazendo no céu. Ela abaixou a cabeça, esfregou as mãos e disse "vai brincar, não é nada". O menino se afastou e ela ficou ali, cabixbaixa, pensando o que fazer do pouco de vida que ainda restava.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
Desde o ano de 2001 a cidade de Araraquara pauta seu orçamento segundo os desejos dos cidadãos que escolhem o que querem para o bairro onde vivem. Esse metodo é conhecido como Orçamento Participativo. Reúnem-se, votam e a Prefeitura faz. No primeiro ano as pessoas viam com suspeitas, como se fosse mais uma novidade passageira. Passados quase sete anos, as reuniões são sempre congestionadas de gente. Há discussões ásperas, votações e no fim tudo termina em paz. As demandas começam a escassear. Postos de saúde foram construídos, asfalto foram feitos, canalização, escolas, creches, etc. Nesta última reunião que fotografei, as pessoas ouviram o Prefeito explicando, os cidadãos defendendo seus desejos e as demais pessoas prestando muita atenção. No final venceu a proposta de asfaltar algumas ruas num bairro distante do centro. Curtam as fotos.
18 junho 2007
ESTAMOS VIVENDO UM PORRE DE ATIVIDADES CULTURAIS
Mal terminou a Virada Cultural Paulista, começou aqui em Araraquara a XIX Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa. Teatro, Música, Contação de História, cinema, etc. Um porre cultural, só não participa quem não quer. Tem show para todos os gostos e em todos horários, inclusive à meia noite com a já consagrada sessão maldita. Nas fotos a Marcela e o Luciano na peça “Apaga a Luz e faz de Conta que Estamos Bêbados” – Grupo Olhos D’arte, no Teatro Municipal.
17 junho 2007
ESTÓRIAS DO JOAQUIM, MEU PAI
Era tarde de domingo numa estação de outono. Dia claro e seco. Sol forte. Os moços descansavam sob a mangueira após a partida de futebol. O patrão fazendeiro, como sempre fazia, estava ali para assistir a partida. Na estrada de terra batida ao longe vinha aproximando a figura de um homem. Ao chegar bem perto percebeu-se tratar de um homem negro, aproximadamente 40 anos, roupa batida, chapéu largo na cabeça, barba de semanas, sapatões velhos nos pés e um pacote grande sob o braço esquerdo. Aproximou-se do primeiro moço e perguntou pelo patrão. Com a resposta foi até um senhor de cabelos grisalhos, bigodes largos, sentado junto com outras pessoas. Cumprimentou-o e foi direto ao assunto. Queria trabalhar na fazenda. Naquela época todos que trabalhavam na fazenda moravam ali, inclusive o fazendeiro. O fazendeiro coçou acabeça, pensou um pouco e disse que não havia casa para ele morar. O homem não se abalou com a resposta. Propôs construir sua casa com madeira que ele cortaria. O fazendeiro pensou mais um pouco e propôs um trato. O homem deveria construir a casa com o tipo de madeira que ele indicasse e, após a casa pronta, era proibido substituir madeira ou reformar o imóvel. Assim que a casa caísse ele deveria deixar a fazenda. Uma vez aceito o trato, quando o fazendeiro falou que tipo de madeira era para utilizar na construção, o negro olhou para o céu, procurou a lua e prometeu voltar dentro de alguns dias para começar o trabalho. Todos sabiam que aquele tipo de madeira indicado pelo fazendeiro era muito frágil e apodrecia rapidamente. Todos ali tinham certeza que a casa não passaria de um ano em pé. Depois de alguns dias o homem negro voltou e passou a trabalhar de sol a sol. Menos de um mês a casa estava de pé e pronta para receber o morador. O homem negro só saiu dali depois de 10 anos porque arrumou outro lugar para se acomodar. Deixou a casa ainda em boas condições para receber outros moradores. O segredo estava na lua.
POESIA
A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as
insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.
MANOEL DE BARROS
Tratado geral das grandezas do ínfimo
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as
insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.
MANOEL DE BARROS
Tratado geral das grandezas do ínfimo
10 junho 2007
A VELHA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
Ela é do século XIX. O prédio desde então não sofreu nenhuma modificação. Com a falência das ferrovias deste sofrido país, esta Estação começa a dar sinais de abandono e deterioração. O relógio há muito tempo não marca as horas. A placa abaixo do relório marca os quilômetros (253,8 km) que separam Araraquara da Capital e a altitude (646 m) da cidade em relação ao nível do mar. Só espero que alguém com poder acorde para o risco que corre este lindo prédio.
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