24 agosto 2007

ASSIM É, ASSIM FOI

Seis e meia da manhã. Levanto zonzo. Banho morno relaxante. Continuo zonzo e sonolento. Creme no rosto, faço a barba. Creme hidratante. Roupa limpa, cheirando a amaciante. Meias de algodão. Cozinha. Água fervente na chaleira. Pó de café no coador de pano. Água em circulo sobre o pó preto. Cheiro irresistível invade a cozinha. Me transporto, vou bem lá atrás no tempo. Garoto com quatro anos, cabelos em desalinho, calça curta, descalço, roupa toda amassada. Sentado diante de uma mesa de madeira grossa, rústica. O fogão a lenha está aceso. Há no ar um cheiro de curral de gado, mugido de vacas e touros. Galinhas, galos e pintinhos fazem barulho no quintal. O café começa a ser coado pela avó, uma baianinha baixinha, gordinha. Tinha a impressão que o avental deixava-a ainda mais baixa. O cheiro do café invade todo o ambiente e percorre os quartos, como se estivesse convidando todos a acordarem. O avô aparece na porta da cozinha, vindo do curral. Na mão direita um reio, usado para tanger o gado. Nos pés uma bota de cano alto, surrada e toda suja de barro e estrume. Passa por mim afagando minha cabeça. Sorri. Vai até o fogão e serve-se de café fresco com leite. A avó me traz a mistura quente de café/leite em uma caneca de alumínio. Na mão esquerda vem uma fatia grossa de pão caseiro besuntada com manteiga que ela mesmo fez. O tempo devia ter parado naquele dia.
O celular toca irritantemente. Sequer procuro saber quem é, pois tenho certeza que é problema. A dúvida fica por conta do tamanho do monstro. De qualquer forma terei que enfrentá-lo e sei que vou vencê-lo.

2 comentários:

Carrie Bradshaw Tupiniquim da Silva disse...

infância deliciosa essa, hein?

symon days disse...

eu ainda tenho a baiana baixinha de avental, e ela ainda faz café pra mim quando durmo lá... sei nem pra quem agradecer de tanta alegria por este desfrute: Alah, Budha, God, Shiva, valeu aí galera !!!

E vc Rubens, muito muito obrigada por lembrar como a vida pode ser simples e linda !

beijo