28 junho 2008
CONSCIÊNCIA BARATA
Passo apressado pela rua mais movimentada da cidade. Estava ventando e um friozinho chato penetrava por baixo da blusa fina. Na porta de uma loja e ao sol, estava um senhor negro, cabelos brancos, aparentando mais de 80 anos, roupas sujas e rasgadas. Calçava chinelos rústicos. Ambos os tornozelos inchados. Ficava cabisbaixo, triste. Entre as pernas segurava um chapeu roto de feltro, virado para cima, formando um receptáculo para que as boas almas colocassem ali algum trocado. Passo por ele e vou em frente. Não dou esmolas para mendigos. A uns 10 metros páro repentinamente. Procuro no bolso um trocado. Localizo uma moeda de 50 centavos. Volto e a deposito no chapéu, que faz um barulho ao bater em outras, que noto serem a maioria de 5 centavos. Ele levanta a cabeça e agradece. Vejo seus olhos miúdos, sofridos. Retomo meu caminho. Estanco meus passos novamente. Procuro no bolso uma nota. Volto e deposito no chapéu. Ele agradece novamente, sempre com voz muito baixa, quase inaudível. Vou embora com a sensação estranha de que minha consciência valeu muito pouco.
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2 comentários:
È companheiro , como nos intrigam determinadas situações do cotidiano. Fico pensando como reagem os sensacionalistas da direita a estas situações. Para eles, a dignidade humana é vendida em lojas e adquirida por determinadas quantias financeiras. Para eles, tudo é muito natural e encaixa-se perfeitamente na idéia do mundo capitalista das livres oportunidades.
pelo menos vc fez algo que achou q deveria, qto nem isso fazem?
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